Segundo o genial Millôr Fernandes, “base aliada é um balaio onde há ladrão, mentiroso, tarado, fanático, covarde, traidor! Mas, do nosso lado”.
Porém, um desses três senadores não se comporta como vaquinha de presépio balançando a cabeça positivamente para atender a todos os caprichos da situação.
Estamos há poucos dias de uma eleição para as presidências do Senado da República e da Câmara dos Deputados.
Diante dos candidatos da base aliada, e da unanimidade dos governistas em sacramentar o esquemão da eleição antecipada de ambos, um dos nossos senadores, aliás, o mais jovem de todos, ofereceu o seu currículo para ser analisado pelos seus pares.
Tarde demais, pois eles já tinham decidido pelo prontuário dos futuros responsáveis pelo poder legislativo do Brasil.
Mesmo sabendo dos antecedentes dos favoritos aos cargos pleiteados, a nossa bancada fechou questão, votando contra a ética.
Um senador do nosso Estado justificou o seu voto no candidato do prontuário dizendo que fora voto vencido na bancada do seu partido, aquele do Waldemar. O outro alegou amizade pessoal.
O presidente do PMDB e Vice-Presidente da República, explicou o motivo dessa preferência quase unânime nos candidatos dos prontuários aos seus íntimos, que foi assim captado pela jornalista Dora Kramer do “O Estado de S. Paulo”: “Renan e Henrique Alves criam uma espécie de identificação com os que vivem ou poderiam vir a viver situações parecidas”.
“Ou seja, a maioria estaria disposta a eleger representantes que conhecem e sentem na pele 'o problema'”.
“Assim, teriam mais chance de ser 'compreendido' quando, e se, a adversidade batesse à porta” – disse a jornalista.
E conclui: “O colégio de líderes partidários para a sessão legislativa que se inicia em fevereiro, deve ter Garotinho no comando do PR, Eduardo Cunha à frente do PMDB e José Guimarães (ex-chefe do assessor flagrado em aeroporto com dólares escondidos na cueca) na liderança do PT”.
A notoriedade das excelências não decorre da imaculada reputação, é fato. Mas, moral para criticá-los, quem há de ter?
A trinca acima está dentro do padrão atual, e, portanto, apta para liderar.
Como ficam os nossos senadores e deputados que abonaram fichas sujas?
Todos serão candidatos daqui a dois anos, inclusive a governador.
Terão coragem de, olho no olho, pedir um voto de ética ao eleitor?
Como no “Estado Curral” a ética é o dinheiro, estamos condenados a assistir velhos filmes de terror.
Triste Brasil, onde o sacrifício do povo é inútil, sustentando essa verdadeira organização criminosa incrustada no poder e já denunciada ao independente Supremo Tribunal Federal.
Como ficamos aqui em Mato Grosso onde, vergonhosamente, em troco de superfavores pessoais, entregamos a nossa honra e dignidade ao plantonista de poder?
A máscara, pelo menos de alguns, caiu.
Gabriel Novis Neves