Conforme levantamento feito pela Revista Isto É, mais de 70% das casas noturnas não respeitam normas mínimas de segurança e ameaçam a vida dos frequentadores.
Por todo o país, diversos proprietários negligenciam o capítulo segurança em suas casas noturnas e centenas delas foram interditadas pelas autoridades dos estados da Bahia, Amazonas, Ceará, Alagoas, Pernambuco, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Esses espaços de reunião – fiscalizados após a tragédia de Santa Maria – apresentavam falhas de segurança semelhantes às da Kiss.
Somente em Manaus, 66 boates e bares foram interditados, inclusive a Tropical Club, uma das mais frequentadas da cidade, que leva o nome do luxuoso hotel que a abriga. Nela, as saídas de emergência estavam fechadas e os extintores de incêndio não tinham sinalização. Em Salvador, várias boates funcionavam sem alvará, uma delas – localizada no bairro boêmio do Rio Vermelho – era uma borracharia pela manhã e uma danceteria à noite.
Em Florianópolis, 31 das 47 boates irregulares não possuem planos de prevenção contra incêndio. O Corpo de Bombeiros do Ceará fechou as casas de show Kukukaya e Terraço e as boates L4 Up Club e Meet Music & Lounge, todas de Fortaleza. Lá, 70% das boates apresentam problemas. No Estado do Rio de Janeiro, a fiscalização constatou que apenas 5% dos estabelecimentos estão regulares.
Na capital paulista, de acordo com a prefeitura, 600 boates estão sem alvará de funcionamento, número três vezes maior do que as que funcionam legalmente. A culpa, admite o próprio poder público, nem sempre é do proprietário, mas sim de burocracias internas do órgão municipal.
Para agravar a situação, em uma blitz do Corpo de Bombeiros realizada na semana passada em todo o Estado, de 303 casas fiscalizadas, 177 apresentaram problemas relacionados à segurança. Dessas, 66 têm o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), mas possuem falhas, como luz de emergência apagada ou extintor de incêndio vencido, e 111 nem sequer dispõem do documento. A Kiss, de Santa Maria, funcionava sem alvará desde agosto de 2012. Tanto a prefeitura quanto os bombeiros sabiam disso e fizeram vistas grossas. Agora, o prefeito e o comandante da corporação podem ser corresponsabilizados pelas mais de 200 mortes.
Em São Paulo, a Outlaws, casa de música sertaneja do músico Luan Santana, exibia até a semana passada em sua página no Facebook fotos de grupos de frequentadores – a casa comporta 800 pessoas – segurando garrafas de champanhe acopladas a artefatos pirotécnicos em ambiente fechado. De acordo com a assessoria de imprensa do local, a cena não vai mais se repetir. Outra prova de que durante muito tempo convivemos sem saber com a insegurança nos espaços de diversão é uma pesquisa divulgada pela Proteste Associação de Consumidores em 2011.
O resultado do estudo, que avaliou quesitos básicos de segurança em 17 casas de São Paulo e Rio de Janeiro, já mostrava a fragilidade do cumprimento de normas de segurança à época: nenhum dos estabelecimentos cumpria todos os critérios necessários. “Vimos várias situações de risco. Nenhuma casa possuía a lotação máxima afixada na porta, algumas tinham as saídas de emergência obstruídas e outras nem sequer possuíam extintor de incêndio em lugar visível”, comenta Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste.
Fonte: Radar Notícia | Com informações da Revista Isto É publicadas em Sul21