Este mês de setembro está oferecendo argumentos para os defensores da ideia de que a natureza está reagindo contra os recorrentes ataques que durante milênios sofre dos humanos.
No Brasil, enchentes terríveis como nunca vistas na região sul, destroem cidades e matam dezenas de pessoas.
Grécia, Bulgária e Turquia após prolongada seca com incêndios florestais disseminados, sofrem com temporais e alagamentos.
Em Hong Kong o volume de chuvas foi tão grande que acumulou em apenas 24 horas um quarto da marca anual costumeira.
Na África, no Marrocos, um terremoto considerado o maior em mais de 120 anos mata milhares e desabriga outros tantos. Na Líbia, tempestade devastadora deixa mais de 30.000 desaparecidos e desabrigados e 11000 mortos.
Mas será que esses exemplos são suficientes para afirmar que a ação do homem é a única causa de todos esses desastres? Os ambientalistas, geralmente encastelados em ONGs verdes, universidades públicas, sindicatos e serviço público de várias áreas, garantem que sim. Ou seja, os que estão no espectro político mais à esquerda tendem a atribuir ao homem a responsabilidade maior pelos desastres climáticos.
Por outro lado, a turma da direita atribui a fatores naturais tais como aquecimento periódico normal das águas dos oceanos, maior atividade solar, erupções vulcânicas, alterações das correntes marítimas a culpa pelos desastres ambientais.
É provável que nenhum dos dois lados esteja totalmente certo. A emissão de CO₂ fruto da atividade humana sobre a terra, principalmente na queima de combustíveis fósseis como petróleo e carvão, por certo colabora com chamado efeito estufa que, impedindo a dissipação do calor na atmosfera, provoca aquecimento anormal que gera fortes tempestades. Também os desmatamentos lançam na atmosfera o carbono que estava armazenado nas árvores que foram abatidas e queimadas.
Pode-se argumentar que este efeito antropogênico é pequeno se comparado com as causas naturais, sobre as quais não temos nenhum controle.
Não há ainda uma resposta definitiva. Os cientistas do clima que se expressam principalmente através do IPCC se dizem convencidos de que estamos indo apressadamente para um destino sem volta, enquanto a outra turma afirma que eles estão fazendo profecias ocas, que, como tais, não merecem crédito.
Assim, enquanto se acusam mutuamente os primeiros chamando os outros de negacionistas e estes os acusando de formarem uma religião de adoradores da deusa Natureza, a maioria do povo não sabe o que pensar, talvez nem queira.
Minha opinião (ou melhor, palpite) é que como existe uma possibilidade não desprezível da culpa do homem nos desastres ambientais, é melhor fazer o possível para diminuir a emissão de CO₂, principal gás do efeito estufa. Se ficar provado no futuro que a contribuição do homem para o aquecimento é irrelevante, teremos perdido muito pouco. Agora, se negando nossa responsabilidade, não fizermos o que nos cabe e a coisa desandar, parece que não teremos chance de reparar o erro.
Renato de Paiva Pereira