A semana que passou foi mais ou menos tranquila na política nacional. O Lula ficou fora do País como já é rotina sua, não dispensando a companhia da indefectível Janja. Mas uma coisa chamou a atenção: Na Bélgica ele só fez discursos escritos pela assessoria, o que elimina os riscos dos improvisos, ocasiões em que ele se empolga e fala mais que deve. Desta vez ele não elogiou o Maduro. Fez melhor, reuniu-se com outros presidentes propondo a suspensão do bloqueio à Venezuela, desde que ela aceite observadores internacionais nas eleições.
Aqui, com o Lula longe, a economia parece andar bem, salvo a previsão do PIB que recuou. Mas isso não é de todo ruim, pois favorece a queda da taxa Selic diante de um crescimento mais moderado. Parece também que o Lula esqueceu por alguns dias de azucrinar o Presidente do Banco Central, seu “inimigo” preferido. O Roberto Campos Neto ficou mais tranquilo com a possibilidade de dialogar somente com o Ministro da Economia Fernando Haddad, que fala sua língua além de ser muito mais polido e elegante que seu chefe.
O episódio que movimentou a mídia foi o ataque grotesco sofrido pelo Ministro Alexandre de Moraes no aeroporto de Roma por uma família de brasileiros. Não quero aqui defender o Ministro, mas sim a civilidade que deve existir no meio social para não cairmos na barbárie. Ninguém pode constranger com xingamentos e ofensas outra pessoa, qualquer uma, não somente as autoridades. No caso em questão houve uma ofensa ao Ministro e sua família e por extensão à instituição que ele representa.
Um país só prospera se criar e mantiver instituições sólidas que gozem do apreço dos seus habitantes. Nossos governantes não têm cultivado este respeito ultimamente. O Bolsonaro desancou o IBGE, o INPE, a Justiça Eleitoral, o STF, e o Lula com sua costumeira grosseria agride o Campos Neto querendo arrancar na marra uma diminuição da taxa de juros. Claro que ele tem razão em querer a redução dela, mas há de respeitar o mandado do Presidente do BC que dura dois anos. Passado este prazo ele pode indicar um substituto que tenha um perfil mais ao seu gosto.
Aliás, a autonomia e a impossibilidade de ser substituído durante o prazo de sua gestão dão ao mandatário a necessária independência para executar políticas que garantam a defesa da moeda, principal incumbência do Banco Central. Não é que o Presidente da República não possa agir junto ao BC para tentar demover o seu presidente de teimar em manter a taxa muito alta. O que se espera, se não é pedir muito, é que este mantenha a civilidade e a necessária liturgia do cargo.
Voltando ao Lula: na volta da Bélgica ele agradeceu à África pelos escravos que mandou ao Brasil, mostrando que lendo discursos escritos pela assessoria o Presidente é um sábio. Agora, falando de improviso volta a ser o sindicalista dos anos 1970.
Renato de Paiva Pereira