Cronista, cronista… O mundo voando baixo desgovernado e eu rezingando pra contar as novidades. Me sinto TÃO humano, tão pouco extraterrestre. É que os fatos estão atropelando o tempo que corre cada vez mais. Sem dar conta de abarcar os acontecimentos.
O que me faz pensar na vida mansa dos escribas do antigo Egito, por exemplo, em comparação com a tarefa insana dos que têm que registrar as efemérides (palavra antiga, mas cheia de conteúdo, que não perde a importância) atuais. Piscou? Já mudou ou perdeu o significado. Não a palavra, mas os eventos. É como se o ser humano estivesse num redemoinho em direção ao fundo de um espiral cada vez mais apertado e veloz. Lascou, né?
É nesse mundo, do qual você voluntariamente se isolou, que sigo pluctaplacteando pra cima e pra baixo sem conseguir romper essa camada estratosférica e seguir viagem. Agora, então… Cheguei à conclusão que me querem aqui. Nada explica essa falha persistente em minha nave. Já tentei, inclusive, o auxílio da queridinha do momento, a AI, Inteligência Artificial. Ai, ai, Iaiá. Ainda não tem AI pra tudo.
Como todo bom ser humano, as Ais disputam uma corrida insana para o aprimoramento de suas “inteligências”. Agora, o Bard do Google chega ao Brasil e a UE, União Europeia. Pra lhe informar, Elon Musk, dos carros voadores, das viagens espaciais, da incrível desconstrução do bom e velho twitter (que você usou desde 2008, quando ainda se socializava com esse planeta), o que chamou Zuckerberg para a porrada, como contei na última cartinha, vem com sua Xai, quer dizer xAI. Tão Eike Batista com seus Xs. Aquele que, entre outras façanhas, repaginou o lindíssimo Hotel Serrador (SQN)
Opa! Você sabe o que é SQN (Só Que Não)? Pergunto por constatar que fazem quase 10 anos (eu disse 10 anos!) que nos comunicamos pela primeira vez. Tanta coisa mudou de lá pra cá querida cronista que tão bem me recebeu quando comecei a pipocar nesse planeta. Tem até quem ache que o mundo começou um pouco antes disso!
Enquanto parte dos humanos navega por mares das redes sociais, compara e alimenta as Ais, sem entender o alcance das ferramentas, (como a do bilionário que quer “entender a verdadeira natureza do universo”) e, para isso, gasta fortunas incalculáveis, o planeta agoniza. Ciclones varrem continentes, o calor assola o hemisfério norte e por aí vai. As guerras? Aos montes. Há, inclusive, a “ameaça” de deflagração da terceira mundial. É justamente ela, a natureza mencionada agora a pouco que manda alertas que, parece, não surtam efeitos práticos.
Além das atrocidades humanas cada vez mais bárbaras, já que instrumentalizadas com requintes de covardia, é a vez do mundo animal, especialmente os marinhos, se manifestarem e intrigarem os humanos. São as orcas que atacam barcos pesqueiros. Será por que, cara cronista, perguntam os cientistas? Tem gente esperando que as Ais respondam…
Tirei um sorriso do seu rosto, não é, amiga?
Vou tirar outro quando contar que vem do seu amado Mato Grosso a nova modalidade de estupidez legislativa. Um personagem patético que os votos dos eleitores da capital do estado de políticos como Dante de Oliveira (sempre lembrado por sua emenda das Diretas Já que mobilizou o país pelo fim da ditadura), quase levou à prefeitura de Cuiabá há 3 anos atrás.
Cronista, devia ter sido eleito. Sua performance escalafobética estaria restrita ao âmbito municipal e seria uma confirmação do ditado que diz: “quem pariu Mateus que o embale”. Como não ganhou em 2020, eleito deputado federal em 2022, assombra as sessões legislativas federais.
Usa, entre outros artifícios, o bordão do professor Enéas, repetindo em suas lacrações, quer dizer, gravações, a abertura “meu nome é Abílio”. Feio, cronista, muito feio seu papel e dos marqueteiros que chuparam o mote. Há uma diferença primordial entre os dois personagens. Um era inteligente, um cientista. A cópia fake, para não usar adjetivos degradantes, é, no mínimo, tosca. Tosca mesmo. Sem pudores ou vergonha.
A única esperança para quem acompanha os trabalhos legislativos federais é que a triste figura se lance novamente candidato a prefeito de Cuiabá. Se ganhar o pleito livra Brasília e o Congresso de sua presença inconveniente, vergonhosa e nada propositiva. Mato Grosso jogou fora a chance de contribuir com o aprimoramento do sistema democrático brasileiro ao eleger como um de seus representantes uma caricatura de maus modos.
Não há AI capaz (ainda) de tal feito. Foram os eleitores mato-grossenses mesmo…
*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Essa crônica faz parte da série “Fábulas Fabulosas”, do SEM FIM… delcueto.wordpress.com
Texto e foto de Valéria del Cueto