Mesmo os mais convictos defensores da direita deveriam gastar algum tempo para conhecer as teorias em que baseiam os políticos da esquerda. Teorias, sim, porque muitas vezes a prática é muito diferente. Também os adeptos desta mesma esquerda precisam se informar sobre os valores que pregam os direitistas. Teoricamente, é claro, porque tal qual os opositores, as práticas podem diferir muito das teses originais.
Esta sugestão é válida porque conforme se vê na mídia, no Brasil a direita ficou representada pelo bolsonarismo que é uma manifestação distorcida do liberalismo, assim como o PT com o Lula na frente é um mau representante do progressismo.
Na verdade, os valores de cada um muitas vezes se mesclam. O patriotismo, por exemplo, definitivamente não é uma qualidade disponível somente entre os bolsonaristas, como querem seus seguidores. Creio que ele se distribui igualmente entre todos os espectros políticos.
Por outro lado, o crescente respeito ao meio ambiente, que os lulistas alardeiam como valores só deles, está disseminado entre o empresariado de direita que a cada dia percebe a importância de conviver bem como a natureza.
Sobre a família, outra apropriação da extrema-direita, é quase inútil falar. Ninguém em sã consciência pensaria que os núcleos familiares são mais unidos em um seguimento que em outro. Aliás, devemos ao Lula e ao Bolsonaro as brigas de origem política que prosperam entre parentes e esta é uma herança indesejada que recebemos destes líderes.
O que eu quero dizer – sugerindo que cada um conheça um pouco das ideias do outro – é que o diabo não é tão feio como se pinta: nem o tinhoso direitista vai destruir a natureza e a cultura; nem o canhoto de esquerda – desculpe o trocadilho – transformará o Brasil em uma Venezuela. Vejam que desejos como bem-estar social e justiça social que a esquerda defende, dentro dos limites que a economia permite, é desejado por todos. Da mesma forma, liberdade e responsabilidades individuas, bandeiras da direta, calha muito bem na maioria dos programas da esquerda.
É comum a alternância do poder e até bom para que nenhum dos lados se radicalize. Países europeus como Alemanha, Inglaterra, Espanha, França, etc. convivem razoavelmente bem com isso.
O Bolsonaro foi cassado pela justiça eleitoral e não poderá candidatar-se em 2026 (próximas eleições presidenciais) abrindo espaço para novos líderes de direita, seus aliados – Tarcísio Freitas, Romeu Zema, Tereza Cristina, Ronaldo Caiado – tentarem a eleição.
Precisamos também ficar livres do Lula e sua mania de incensar o Maduro, inchar o Estado e falar besteiras. Em seu lugar poderia candidatar-se o Ministro Haddad, que se tem mostrado um cara centrado, distante dos radicalismos e da verborragia de seu chefe.
Seria muita sorte do povo brasileiro se em 2026 a direita fosse representada pelo Tarcísio e a esquerda pelo Haddad.