As guerras cruas com soldados, tanques, trincheiras, bombardeios, destruição de pontes e prédios já estavam virando somente relatos históricos, pelo menos na parte mais desenvolvida do mundo, até que surgiu o confronto Rússia e Ucrânia.
Desde os bombardeios nucleares da Segunda Guerra Mundial havia quase um consenso entre as pessoas de que estaríamos vacinados contra contendas armadas, exatamente pelo medo da bomba atômica, cuja tecnologia já foi dominada por vários países. Mas a surpresa veio há pouco mais de um ano quando Putin resolveu invadir a terra de Zelenski, reeditando barbáries no continente europeu, tido como o mais civilizado.
Entretanto, a impressão por enquanto é que o plano não deu tão certo como esperado pelo invasor, que contava com a fragilidade do vizinho para anexar parte do seu território. Diante da flagrante tentativa de usurpação de território alheio, diversas nações europeias e os Estados Unidos resolveram dar uma força à Ucrânia enviando armas, munições, aviões, navios, tanques e apoio logístico, frustrando, pelo menos até agora, as aspirações do ditador Russo.
Todavia, pouco interessa quem aumentará seu território ou qual será obrigado a recuar suas fronteiras. Dói, sim, o sofrimento humano dos retirantes, a morte de pessoas, o desespero dos que perdem parentes e amigos simplesmente pela ganância e prepotência dos que decidem a guerra, sempre mantendo confortável distância das frentes de conflito. Provavelmente a guerra para eles são simples relatórios cheios de gráficos que passados por diversos filtros resumem as baixas e os avanços. O sofrimento dos pais carregando filhos mortos, das mães desesperadas tentando proteger com o próprio corpo o filho da bomba que caiu no prédio, não entram nos relatos. Os donos da guerra por certo estão tomando Vodca no final da tarde, enquanto os foguetes que eles mandaram, voam rumo a alguma escola cheia de crianças, cujos corpos ou partes deles, serão desesperadamente buscados pelos pais que foram recebê-los no fim das aulas.
A população civil e os recrutados à força, poderiam tirá-los (os líderes) do conforto de onde assistem à guerra, exigindo que eles, pessoalmente, pelo menos participassem dos socorros às vítimas, carregando nos próprios braços, crianças ensanguentadas e que sentissem, ainda que em proporção muito menor, a dor de um pai ao carregar uma criança que está morrendo, atingida por uma explosão. Depois, se isso não fosse suficiente para abrandar a índole cruel, exigissem que eles – os governantes – fossem para a linha de frente e jogassem, com as próprias mãos, artefatos destrutivos contra casas e pessoas.
Enquanto escrevia este texto o grupo de mercenários Wagner iniciava um motim na Rússia. Parece que a situação do Putin está ficando crítica. Quem sabe começa aqui o fim da guerra.