Devastador o fardo intempestivo
de teu silêncio – mudo estás agora –
e nesse olhar magoado tudo chora,
que, de fitá-lo, enfim, até me privo.
Escapa-me, arredio – um fugitivo,
arisco beija-flor que longe mora,
e adeja no azulino céu da aurora,
enquanto que, por ti, respiro e vivo.
Pressinto a despedida, sim, pressinto
e sinto medo, nesse labirinto,
que cresce mais e mais… E eu impotente…
Demais me custa o peso do momento,
falar-te, meu amor, sequer eu tento,
estás aqui, mas já te sinto ausente.
Edir Pina de Barros é membro da Academia Brasileira de Sonetistas e da Academia Virtual de Poetas de Língua Portuguesa. Seus poemas estão disponíveis em vários livros, antologias, revistas eletrônicas e nas mídias sociais. É doutora e pós-doutora em Antropologia pela USP, professora aposentada (UFMT). Nasceu no Mato Grosso do Sul e hoje reside em Brasília.