Opinião

Sagrada Amazônia

A nomeação da Marina Silva para o ministério do Meio Ambiente traz algum desconforto aos agropecuaristas aqui de Mato Grosso dado à sua ligação quase mística com a natureza.

O medo é que haja uma caça às bruxas e que os nossos robustos dados de preservação ambiental, tais como dois terços de florestas intocadas, código florestal mais restritivo do mundo, preservação das matas ciliares etc. sejam insuficientes para aplacar a sanha punitiva dos verdes agora empoderados.

Serão também fortalecidos com a Marina no ministério os concorrentes comerciais, europeus principalmente, que criam um discurso mentiroso colocando-nos como vilões da natureza.

Nossos dados positivos e argumentos verdadeiros têm pouco valor porque a preservação amazônica virou religião e o mercado ou as empresas que o representam usam o fervor preservacionista da geração mais jovem como uma vantagem comercial criando resistência aos grãos aqui produzidos.

Se é religião não adianta apresentar imagens de satélite de nossas matas, porque os “crentes” não querem saber o que fizemos de bom, mas sim o que estamos fazendo para melhorar. 

Isso quer dizer que estamos perdidos mesmo e o que é melhor botar o rabo entre as pernas e fugir do combate?  Acho que não. Precisamos aprender a jogar o jogo, principalmente porque durante este governo que finda teimamos em refutar as demandas ecológicas internacionais e a ignorar os modernos consumidores, que são os atuais “cruzados” dispostos a salvar o Santo Sepulcro – a sagrada Floresta Amazônica.  

Qualquer notícia de derrubada florestal – legal ou ilegal – acende o furor preservacionista dos consumidores verdes e o oportunismo dos concorrentes. Creio que temos escolhido a arma errada para a luta: é melhor aderirmos à sua crença, concordando que a Amazônia é “sagrada” mesmo. Dessa forma, devemos abraçar a religião deles, mesmo que seja como os Cristãos Novos no sec. XVI, que se “converteram” ao cristianismo para escapar das perseguições da Igreja.

Se não é tão fácil eliminar de vez as derrubadas e queimadas nas matas tropicais, como querem os jovens consumidores e os fanáticos preservacionistas, não é tão difícil assim elaborar planos que sinalizem concretamente nossa intenção de acabarmos com o corte de árvores na região em vez de ficar contestando a opinião dominante, mesmo porque nossas áreas já desmatadas são suficientes para dobrarmos a produção agropecuária.

Não seria plano “pra inglês ver” porque eles não são tão ingênuos que possam ser enganados com um pirulito doce nesta era de abundância de dados e imagens à disposição de todos. Deve ser algo concreto e exequível, porque nos interessa conquistar os jovens para consumirem sem dramas nossas abundantes colheitas e atrair investimentos de que o País precisa. De repente a Ministra Marina pode até ser útil para melhorarmos a imagem do Brasil lá fora.

A Europa aumenta a pressão sobre nossas áreas recentemente desmatadas. Se não interrompermos imediatamente as derrubadas vamos ter dois grandes prejuízos: fuga dos compradores de nossos produtos e afastamento dos grandes grupos que investem seus dólares aqui.

A preservação é a religião da moda; não convém contestá-la, mesmo porque na essência ela é bem-vinda. Só devemos despi-la, depois de acalmados os ânimos, dos fanatismos que acompanham as crenças.    

Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor

renato2p@terra.com.br

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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