O governo de Mato Grosso começou a retirar as estruturas que serviriam de suporte para o Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. A retirada iniciou pelos postes de cabeamento e as obras do novo modal, o Ônibus de Trânsito Rápido (BRT), devem iniciar em março de 2023, segundo a Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT).
O arquiteto e assessor de Gestão da Prefeitura de Várzea Grande, Enotes Soares Ferreira, disse que o próximo passo é retirar os trilhos.
"Eles estão fazendo a retirada das catenárias, aqueles postes que eram utilizados para fazer a energização do trilho do VLT. Como a gente não vai ter mais o VLT, eles estão fazendo a retirada para, posteriormente, demolir os trilhos e começar as obras das pistas do BRT", disse.
A Sinfra informou que o material vai ser todo guardado, mas não disseram em que local. Segundo o órgão, já foi dada a ordem de início para os trabalhos do consórcio BRT e que a retirada dos trilhos faz parte dos serviços. Esse trabalho de retirada dos materiais ainda não é parte da obra contratada do BRT, mas é um serviço que tem que ser feito antes do início das obras do novo modal.
O consórcio VLT disse que preferiu não se manifestar agora. Informou que a troca do modal ainda corre na Justiça e que não foi notificado pelo estado sobre a retirada dos materiais. Segundo o consórcio, do total de R$ 1,4 bilhão do contrato, eles só receberam pouco mais de R$1 bilhão.
O VLT foi projetado para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil e foi marcado pela corrupção e entraves judiciais. A obra paralisada possui 20 quilômetros de extensão entre Cuiabá e Várzea Grande.
Em dezembro de 2014, as obras foram interrompidas. Em 2018, o governo do estado rompeu o contrato com o consórcio VLT e, depois, decidiu substituir o modal pelo BRT.
Comércio
No entorno da Avenida da FEB, vários prédios que antes eram utilizados para o comércio, agora estão fechados. Os imóveis estão em situação de abandono e depredação há mais de dez anos. O vendedor Isaque Moura Macedo trabalha em uma loja de auto-peças às margens da avenida e viu os vizinhos fechando as portas.
"Entregando o barracão, dando de graça, alugando a R$ 1,5 mil para não deixarem depredar o nosso comércio. Agora o BRT vai atrapalhar mais uma vez aqui. O deslocamento, transportadora, o acesso do cliente vir na loja", disse.
O presidente do Câmara dos Dirigentes Lojistas de Várzea Grande, David Pintor, disse que devido às obras, os empresários ficam indecisos em investir na região.
"De certa forma, ela não foi finalizada, e até hoje traz diversos transtornos porque os empresários não sabem o que vai ocorrer, se eles podem investir, se podem abrir um comércio naquele local ou se podem locar para uma nova empresa", disse.
Para evitar novos transtornos, o sub-comandante da Guarda Municipal de Várzea Grande, Alexander Ortiz, disse que está montando um esquema de fechamento e liberação da via por blocos, mas isso só será feito quando iniciar a nova construção.
"Assim que estiver informado, a gente vai avisar os condutores, alertando e mostrando os pontos que estarão interrompidos e parcialmente interrompidos", disse o sub-comandante.