Cidades

Quase metade da população de baixa renda faz empréstimos para se alimentar

A pressão das dívidas sobre o orçamento das famílias brasileiras faz com que população de baixa renda recorra a contratação de empréstimos para suprir necessidades básicas e essenciais do dia a dia. De acordo com levantamento do Plano CDE, o número de pessoas que fizeram financiamento para comprar comida e pagar contas básicas nos últimos meses varia de 45 a 50% entre as classes mais humildes.

A pesquisa revela que, nos momentos de sufoco, os familiares e os amigos são as principais fontes para a busca dos recursos entre os mais pobres. Em seguida, aparecem os bancos digitais e as instituições financeiras tradicionais. Neste último caso, a obtenção do crédito passou a ficar mais restrita com a elevação da taxa de juros. Para se ter uma ideia, o juros do rotativo do cartão de crédito beira os 400% ao ano, segundo o relatório do Banco Central.

‘Essa conjuntura salta aos olhos e indica a situação grave que uma série de famílias enfrenta atualmente‘, afirma o diretor do Plano CDE, Maurício Prado.
De todas as despesas obrigatórias, a alimentação foi uma das mais sentidas. Isso porque a inflação acumulada dos alimentos subiu 9,5% no acumulado de janeiro a setembro deste ano, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o que dificulta a missão de encher o carrinho de compras nos supermercados.

Em Cuiabá, por exemplo, a cesta com suprimentos e itens de higiene e limpeza teve alta pela terceira semana consecutiva, fazendo com que o preço médio do sacolão atingisse o patamar de R$ 760, segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Mato Grosso (Fecomércio-MT).

O cenário faz com que até as famílias mais privilegiadas sofram os efeitos da subida dos produtos. Estudo da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) mostra que 90% das pessoas tiveram que alterar seus hábitos de consumo para manter as contas em dia. No caso da comerciante Alessandra Campos, a estratégia para economizar é fazer compras em atacadistas e priorizar produtos e marcas mais baratas.

“Planejar o consumo do mês é fundamental porque com compras maiores, reduz-se as idas frequentes ao supermercado, o que ajuda a evitar gastos desnecessários. Além disso, é possível substituir itens ‘sem grife’ para poupar dinheiro. Muitas vezes, a qualidade é bem semelhante”.

Redação

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