Duas testemunhas foram ouvidas ontem (16) em audiência de instrução e julgamento do processo que julga os acusados de envolvimento na morte de João Pedro Mattos Pinto, adolescente de 14 anos baleado em maio de 2020. O caso ocorreu durante uma operação policial no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro.
Três policiais civis são réus no processo: Mauro José Gonçalves, Maxwell Gomes Pereira e Fernando de Brito Meister. Eles eram lotados na Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), unidade de operações especiais da Polícia Civil.
A audiência teve duração de aproximadamente três horas. Ela foi conduzida pela juíza Juliana Grillo El-Jaick, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo. A primeira a depor foi uma adolescente de 17 anos, amiga de João Pedro que presenciou o episódio. Segundo contou, eles estavam em um quintal junto com outros amigos, quando ouviram barulhos de helicóptero e tiros. Embora tenham tentado se abrigar, eles se depararam com a chegada de policiais. A testemunha também disse que viu um homem, usando touca e colete, pular o muro.
O outro depoimento foi de um pedreiro que trabalhava na região. O homem disse que, durante a abordagem, mostrou o instrumento de trabalho aos policiais e se dirigiu para a casa do irmão, que fica em frente à residência em que João Pedro foi morto. Após entrar, ele se trancou no banheiro para se proteger dos tiros.
A operação foi realizada de forma conjunta pela Polícia Civil e pela Polícia Federal. Os agentes cumpriam mandados de prisão e de busca e apreensão contra integrantes de uma facção criminosa. No mês seguinte, o inquérito da Polícia Civil foi encaminhado ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), que apresentou a denúncia aceita pela Justiça.
Segundo a denúncia, a casa onde João Pedro brincava com primos e amigos foi invadida por policiais, que entraram atirando, e ficou marcada com 72 tiros após a operação. Ferido, João Pedro foi levado de helicóptero pelos policiais, mas não resistiu aos ferimentos.
Essa foi a segunda audiência de instrução e julgamento. Em setembro, na primeira audiência, o pai de João Pedro, Neilton da Costa Pinto, relatou que só teve notícias sobre o paradeiro do corpo no dia seguinte. Outras testemunhas ainda serão ouvidas, incluindo seis policiais federais indicados pela defesa dos réus.