Opinião

Horizonte

Se não for no tranco é barranco. Não estava nos planos uma carta na manga no meio do caminho que era para ter terminado ali atrás. Não sei aí, querida cronista, mas por aqui é hora de sair da inércia.

Há muito em jogo! No momento, na mão de poucos. Isso, se compararmos com o total impactado pela decisão das urnas no Brasil. Falo dos que agora escolherão seu presidente migrando de outras opções, dos candidatos derrotados, votos nulos, brancos, abstenções. E, quer saber? Amiga isolada do outro lado do túnel, introjetei o espírito desse eleitor e já tenho lado.

O que não faz do seu amigo Pluct Plact, esse extraterrestre extraviado, um ser incapaz de ouvir os opositores. Ouvir, tentar entender e, confesso, não compreender como tantos se revelam (e como o fazem) diante das opções disponíveis. Que os incautos caiam na ladainha da família ameaçada, da liberrrrdade sem reciprocidade, da fé sendo testada nas colinhas obrigatórias, até entendo.  Mas tenho visto coisas que até Deus duvida quando o assunto é respeito e sensibilidade social.

Transformar a religião em arma de guerra é pecado. Quanta iniquidade é violentar a fé, armar o credo. Tirar de Jesus o manto do amor, da bondade, o estender as mãos aos desvalidos, senão vira… comunista! Como sabe quem, querida amiga? O pop Papa Francisco.

Os próximos dias serão de provação nessa terra, que ironia, abençoada por Deus. Enquanto alguns jejuam por um deus impiedoso da guerra, outros o fazem por necessidade, falta de opção. Não há trégua no avanço do obscurantismo, falsamente intitulado de conservadorismo, dessa extrema-direita com embalagem Nutella.

Eu, graças a vasta experiência no tempo sideral e espaço interplanetário, não coaduno com quem quer calar os oponentes, transformar os que discordam em inimigos. O que não deu certo em outras galáxias, também vai dar ruim aqui, lamento informá-la.

Isso não é política. É a semente maléfica da ditadura, daquele mesmo mal que volta e meia ameaça a evolução. Esse modelo nefasto de governo que você já viu quando era criança e sei, não quer ver nunca mais.

Entendo porque não faz parte do seu perfil ser a favor da tortura, do desrespeito os poderes constituídos. Justo você. Raiz, tronco, galho, folha, flor, fruto e semente da Constituição de 1988.

Os próximos dias, como tantos em outras eleições em que você participou, como me contou, serão de convencimento, conversa e disputa por cada voto a ser depositado nas urnas.

Em nossos encontros pelo raio de luar que invade a cela onde voluntariamente você está recolhida do mundo, convivi com seus sonhos. Ouvi desejos de paz, do equilíbrio e da harmonia por um país em que todos tenham oportunidades iguais e um governo que provenha e acolha a população. As vibrações que recebo, dessa massa de centenas de milhões de pessoas por onde me embrenho, traz o mesmo desejo de educação, saúde, segurança e uma vida digna.

Não é hora de esmorecer, nem se deixar vencer pelo cansaço de lidar com tantos ataques mentirosos, fake news calcadas em sandices histéricas. Que as diferenças sejam respeitadas, as religiões livres em seus direitos de manifestação. Todas!

Não acho que essas eleições sejam uma cruzada do bem contra o mal, nem que um lado deva aniquilar o oponente, como tentam maldosa e criminosamente insuflar. Sem uma ponte para o diálogo não há política. Prática que, para ser salutar, tem que ser plural.

Se você cronista, (como eu, Pluct Plact, imagino), está entre os votos que decidirão as eleições, pense, antes de tudo, em quem lhe dará o sagrado direito de discordar.

Prepare-se! Saia da toca e se jogue na cabine eleitoral, lugar de todos os brasileiros que (ainda) têm o direito de optar pelo que acham melhor para o país. Você tem duas semanas para se decidir. O horizonte lhe aguarda, pronto para ser vislumbrado.

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Crônica da série “Fábulas Fabulosas” do SEM FIM… delcueto.wordpress.com

 

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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