Opinião

A marola e a borboleta

Ah, cronista enclausurada. Aqui fala aquele extraterreste, Pluct Plact, cada vez mais possuído pelos (maus) hábitos humanos, nessa corrida louca para ver quem chega primeiro (e ultrapassa) a perfeição tão imperfeita da humanidade.

Um desses maus hábitos, mas não o pior, é deixar sem notícias a amiga que tanto me preveniu sobre o, digamos, desapego suicida dos ocupantes desse planeta.

Registro aqui que estou perdendo para a tal I.A., a Inteligência Artificial. Ela, agora, fala pelos mortos! Assimila as características e responde aos vivos como se fosse do além! E eu que duvidei de sua análise, a mesma que a levou ao isolamento voluntário nessa cela. Fiz questão de ganhar o mundo em busca de argumentos e informações sobre o desenvolvimento planetário. Hoje, trago notícias. Não as que gostaria de dar, mas as que dispomos.

Para começar de forma amena, finalmente deixamos de ser lendas e passamos a existir! Tudo registrado numa audiência no Congresso dos EUA sobre… OVNIS. Já se fala, inclusive, na existência de alienígenas em Júpiter. Acharam algo parecido com um umbral na paisagem de Marte. Isso é bom? Seria se o assunto não fosse tratado como um caso de defesa. O que os demais ocupantes do universo como… atacantes!

O que esperar de líderes que, do nosso último contato para cá, não satisfeitos em atravessarmos a epidemia da Covid-19, ainda começaram o que pode ser a terceira guerra mundial?

Só esse fato, o ataque da Rússia a Ucrânia, já dá uma ideia de quanto tempo faz que não chego a sua cela levado pelo raio de luar que entra pela fresta da janela. A guerra já dura três meses. Por causa dela o deslocamento de civis da Ucrânia já ultrapassou a casa dos 6 milhões de pessoas. A Rússia foi cancelada pelos países da OTAN e a maioria da União Europeia. O bagulho anda tão doido que a Finlândia e a Suécia deixaram de lado a neutralidade e pediram para entrar na OTAN. A Turquia está vetando o acesso. Putin retalia cortando o fornecimento de gás e energia para, entre outros países, a Alemanha. O Mac Donald vendeu suas 800 lojas na Rússia!

O castelo de cartas da economia mundial está desabando. A inflação galopa, o abastecimento rateia. De combustível, alimentos e outros produtos. Instabilidade é a sensação geral, cronista.

Estou querendo parar por aqui essa missiva porque as novidades só vão piorar. É em meio a pandemia, ilusoriamente quase controlada, que ressurge uma nova ameaça, a varíola dos macacos (que dos símios só leva o nome) e se espalha por vários continentes para disputar com as cepas da Covid-19. Essas que conseguiram romper as barreiras e atingir a população da Coreia do Norte, onde hão há cobertura vacinal contra o vírus. A China? Até lockdown em Xangai!

Se lá está assim, no Brasil as coisas não andam muito melhores. As eleições se aproximam e quem chega antes é o terror. Depois do Jacarezinho, a nova chacina do Rio de Janeiro para chamar de sua é a da Vila Cruzeiro, com 23 mortos. Dias antes de policiais rodoviários federais de Sergipe transformarem a caçamba de seu veículo em câmara de gás e matarem um motociclista “detido” por falta de capacete. Não há limite para a barbárie, amiguinha.

Estou citando casos pontuais registrados no banco de dados da minha nave. Todos enviados para as bases interplanetárias quem monitoram o planeta!

Eu, Pluct Plact, pergunto: como argumentar contra as possíveis medidas de “defesa” que os humanos pretendem tomar em relação aos demais habitantes do Universo? Dialogar com quem, em que termos?

Nem a natureza aguenta mais tantas agressões. Iakecan, o ciclone, as chuvas torrenciais no Nordeste, o frio fora de hora…

Por isso, é bom manter seu o isolamento, depois daquela fuga quase secreta carnavalesca. É melhor não fazer marola nesse momento. Sabe lá o efeito borboleta que ela pode causar?

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Crônica da série “Fábulas Fabulosas” do SEM FIM… delcueto.wordpress.com

 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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