Desde que Lula foi solto pela justiça no final de 2019, começou a firmar-se a ideia de que as eleições de 2022, seriam polarizadas entre ele e o presidente Bolsonaro.
Mas havia um grupo de pessoas que, lutando cada uma por si, acreditava na possibilidade de conseguir apoio eleitoral suficiente para enfrentar os dois líderes populares. Eram vários pré-candidatos: Sergio Moro, Henrique Mandetta, João Dória, Luciano Huck, Ciro Gomes e Eduardo Leite, entre outros de menor apelo nacional.
À medida que foram testando a viabilidade política, cada um a seu tempo, abandonava o projeto presidencial. Alguns, convencendo-se do provável insucesso na empreitada e outros excluídos à força da disputa. Há quem resista até hoje, ainda que provisoriamente. Estes remanescentes, agora estão acompanhados do Luciano Bivar, da Simone Tebet e do improvável Michel Temer, que timidamente admite a chance de candidatar-se.
Percebendo as próprias fragilidades, conceberam a ideia da “terceira via” que previa a união das fraquezas individuais para formar a força do grupo. Seria ótimo se funcionasse, mas não vingou, porque cada qual queria encabeçar a chapa e não admitia ser coadjuvante.
Assim o projeto fracassou, abrindo caminho para Lula e Bolsonaro que, juntos, têm a preferência da maioria dos eleitores, como atestam o institutos de pesquisa eleitorais. Hoje, 75% dos votantes (a soma dos que escolhem Lula ou Bolsonaro) se posicionam a favor de um sentenciado por corrupção e de outro autodeclarado antidemocrata.
Mesmo conhecendo a história do Lula e sabendo que a justiça somente anulou o rito processual que o condenou, sem concordar com sua inocência, e que o Bolsonaro sempre louvou a ditadura e desdenha as instituições nacionais, a maioria absoluta da população brasileira coloca-se ao lado de um ou de outro.
A terceira via, última opção, infelizmente afundou. Ou, para usar um termo próprio da agricultura: ela perdeu a “janela de plantio”. Enquanto os dois líderes plantavam suas lavouras no tempo certo, a terceira via batia cabeça tentando definir a melhor semente (o candidato ideal). Mesmo agora que as roças de Lula e Bolsonaro já estão crescidas, os outros pré-candidatos desunidos continuam discutindo o preparo da terra para receber a semente, que ainda nem escolheram.
Mas há uma chance de ressuscitar a “terceira via”. Se ela não prosperou com Doria, Temer, Ciro e Simone é porque nenhum deles empolgou os eleitores brasileiros, como aconteceu com Tiririca, Fernando Collor, Mamãe Falei e outros campeões de voto. Que tal fazer um chapa com a cantora Anitta para presidente e o Xamã como vice? Não sabe quem é o Xamã? Procurei na internet: é o cantor mais ouvido no Brasil atualmente.
Para garantir o sucesso desta competente composição, basta colocar o Faustão e o Ratinho como senadores. Não custa reforçar o time com alguns sertanejos, rappers, digitais influencers e ex-BBBs como deputados(as) federais. Uma chapa deste nível não perde eleição no Brasil.
Manter a democracia pode custar caro, como vimos com as seguidas eleições do PT e o sucesso do “mito”. Mesmo assim ela é melhor que a ditadura: a Anitta e o Xamã, nós podemos tirar na eleição seguinte.
Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor