O empresário catarinense Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, informou nesta quarta-feira (30) em uma transmissão em suas redes sociais que não será candidato ao Senado pelo estado de Santa Catarina.
Hang é um dos principais aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) no meio empresarial e há cerca de cinco anos se tornou uma espécie de ativista político conservador.
Desde o ano passado, o empresário sendo sondado por partidos de Santa Catarina para concorrer ao Senado. Pesquisas de opinião colocavam como favorito à disputa.
Hang afirmou que tomou a decisão de não concorrer ao Senado pensando na sua família e nos 22 mil funcionários da rede de lojas Havan.
"Meu partido é o Brasil. Continuarei trabalhando para mudar o Brasil, mas não serei político. Tenho certeza que as pessoas vão me entender", afirmou.
O empresário vinha fazendo suspense sobre suas intenções na política desde o início de 2018. Na época, ele afirmou que seguiria apenas como um ativista político. Nos últimos meses, voltou a colocar o assunto na pauta, inclusive, com suas tradicionais performances em vídeo, que ele publica em rede social.
No ano passado, o empresário chegou a publicar uma enquete nas redes sociais perguntando qual nome ele deveria colocar nas urnas. Além de Véio da Havan, ele também sugeriu Loro José, Capitão Brasil, dentre outros.
Durante a pandemia, o empresário se notabilizou por ser um dos defensores do tratamento precoce contra a Covid-19 com medicamentos sem comprovação científica no combate à doença. Em setembro do ano passado, depôs na CPI da Covid no Senado nesta quarta-feira (29).
Em uma sessão tumultuada, Hang negou fazer parte do gabinete paralelo que assessorava o governo federal, driblou questionamentos dos senadores. Ele confirmou que tem contas bancárias no exterior, "duas ou três", mas negou financiar a disseminação de fake news, em particular em temas ligados à pandemia do novo coronavírus.
Semanas depois, Hang teve o seu indiciamento pedido pela CPI da Covid por suspeita de disseminar fake news relacionadas à pandemia.
Em dezembro do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro afirmou ter demitido diretores do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), principal órgão de preservação dos bens culturais do país, depois que a instituição teria interditado uma obra do empresário Luciano Hang, um de seus mais notórios apoiadores.
Bolsonaro afirmou ter ficado sabendo que um pedaço de azulejo apareceu durante as escavações para a construção de uma loja da Havan. As declarações resultaram em um manifesto de membros do conselho consultivo do patrimônio cultural do Iphan afirmando que o governo Bolsonaro promove perseguição e desmonte do principal órgão de preservação do patrimônio cultural do Brasil.
Em suas redes sociais, o empresário também costuma fazer críticas a adversários de Bolsonaro. No ano passado, ele entrou em rota de colisão com o governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), após críticas de membros do governo maranhense à instalação de uma loja da Havan em São Luís.
Também durante a pandemia, a Havan passou a incluir alimentos como arroz, feijão, macarrão e óleo em suas prateleiras para driblar as restrições da pandemia e passou a brigar na Justiça para ser considerada atividade essencial.
A nova linha de produtos foi adotada no momento em que o presidente Jair Bolsonaro conclama empresários a "jogar pesado" contra as medidas de restrição decretadas por prefeitos e governadores.