Soneto de William Shakespeare, tradução de Ivo Barroso:
“Quando jura, ser feita de verdades,
Em minha amada creio, e sei que mente
E passo assim por moço inexperiente,
Não versado em humanas falsidades.”
Seguem versos de pé quebrado, que ponho na boca de um Lulófilo. Ele (o eleitor do Lula) teria lido o soneto do poeta inglês e feito esta paródia:
Quando jura a inocência outra vez,
No Lula, creio, e sei que mente
Finjo assim, ser um bobo inexperiente,
Que acredita em tanta desfaçatez.
Sabendo, assim, que não é inocente,
Engulo em seco sua falsa jura,
Reafirmo o meu voto, e alegremente
Não o condeno pela impostura.
Versos de um eleitor do Bolsonaro, que lendo a paródia do fã do Lula, quis imitá-lo:
Quando diz com empáfia, ser estadista
No Mito creio e sei que mente,
Mas, mesmo incapaz e inconsequente,
O prefiro ao malvado comunista.
Voto nele com esperança, novamente
Esquecendo da inflação e da gasolina.
E que a muitos matou, impunemente
Negando, sem pena, a eficaz vacina.
Conclusão:
Escolhe-se, enfim, entre este e estoutro
Pois, pra enfrentá-los não apareceu nenhum:
Quem votou em um pra fugir do outro
Hoje, busca o outro, para escapar do um.
Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor