Desejo o lado meu que não conheço,
aquele que me foi negado à vida,
e deixa aberta, em mim, voraz ferida,
o que me torna triste, desde o avesso.
Desejo, sim, da origem, o começo,
do chão que me pertence fui banida,
porém, o tempo agora me convida
a retirar, dos véus, o mais espesso.
Eu quero tudo que me foi negado,
se necessário for, eu rompo e invado
os campos ancestrais, o gládio em riste.
Combaterei na pátria da memória,
que traz no ventre a minha própria história,
até que o meu lugar, enfim, conquiste.
Edir Pina de Barros é membro da Academia Brasileira de Sonetistas e da Academia Virtual de Poetas de Língua Portuguesa. Seus poemas estão disponíveis em vários livros, antologias, revistas eletrônicas e nas mídias sociais. É doutora e pós-doutora em Antropologia pela USP, professora aposentada (UFMT). Nasceu no Mato Grosso do Sul e hoje reside em Brasília.