Todos os políticos que aparecem em desvantagem em pesquisas de intenção de voto, se apressam em desmerecer os dados, acusando-os de tendenciosos e garganteando que não é isso que eles veem nos contatos com os eleitores. Mesmo quando várias pesquisas de diferentes institutos chegam aos mesmos resultados, eles continuam insistindo em “resultados comprados”.
É natural que seja assim, afinal se fosse diferente os possíveis perdedores abandonariam a disputa precocemente, prejudicando as eleições. Não podem fugir porque a manutenção das candidaturas influi diretamente no resultado de outros concorrentes, no caso do pleito deste ano, governadores, deputados e senadores.
Olhando as pesquisas divulgadas até agora – olhando não analisando, porque não tenho expertise para isto – vejo que para Presidente da República, os dados vão apontando já com alguma recorrência os mesmos resultados obtidos desde novembro do ano passado.
Eis que o último grande ato do governo Bolsonaro vai se materializando. Parece que ele embrulhou com papel de presente e já chamou a transportadora para enviar-nos o “Sapo Barbudo” (como o pedetista Leonel Brizola apelidou o Lula), para governar-nos nos próximos quatro ou oito anos.
Isto acontece porque o Presidente Bolsonaro é um sujeito bem-agradecido e está retribuindo o presente que recebeu em 2018. Foi o Lula que o elegeu, graças às safadezas do PT, expostas à Nação pela Lava-Jato e que este explorou espertamente. Presenteiam-se mutuamente: o PT criou Bolsonaro e este, por inépcia, ressuscitou o Lula.
As atuais pesquisas de intenção de voto têm confirmado que podemos receber, ainda em outubro, a encomenda que está a caminho. As últimas sondagens, divulgadas no dia nove e 11 sugerem que o petista pode ser eleito já no primeiro turno. Ele aparece com 45% das declarações de voto, superando os 42% que é a soma dos possíveis votos dos adversários.
Essas pesquisas, feitas pelos Institutos Genial/Quest e Ipespe/XP são muito parecidas com outras de diferentes origens, que a imprensa tem divulgado neste ano.
Alguns fatos chamam a atenção: o Dória que parecia competitivo em 2020 quando anunciava a vacina do Butantã, hoje está totalmente desprestigiado, alcançando míseros 2% a 3% dos eleitores. O Moro, badalado herói da terceira via, não passa de 8% da preferência dos votantes e o boquirroto Ciro, também não ultrapassa esse percentual.
Chama ainda a atenção que o número de eleitores indecisos está entre 3% e 5%, indicando que as pessoas já fizeram suas escolhas e, portanto, estão menos permeáveis aos discursos, promessas e ataques que virão até outubro. Também é importante notar que a rejeição de Lula está em 43% e a de Bolsonaro atinge 66% dos entrevistados.
Diante destas informações, parece-me prudente admitir uma possível vitória do Lula e traçar planos prevendo este cenário indesejado.
Já que estamos quase no inferno, não convém desprezar o capeta. Acho que os agricultores mato-grossenses e políticos que ouviram o candidato Lula em recente encontro, estão totalmente certos.
Foram chamados de oportunistas, o que, politicamente, é uma ofensa. Entretanto, o termo serve também pra designar os que sabem aproveitar oportunidades em benefício do grupo. Neste sentido mostram-se pragmáticos pois buscam diálogo para colocar o agronegócio como prioridade em suposto próximo governo e, quem sabe, emplacar um ministro da agricultura ou infraestrutura.
Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor