"Hei de ser sempre alguma coisa tua
Coisa que o teu desprezo não destrua…
Farta, sutil e eterna como a poeira. "
(Destino, Benedicta de Mello)
A vida nos uniu de tal maneira
Que, mesmo separados, juntos vamos
Nas rotas sem destino, flores, ramos,
Ou pássaros nos galhos da mangueira…
A vida nos uniu – antiga oleira –
No tempo em que, fogosos, nos amamos,
Serenos, sem cobranças, sem reclamos,
Ou rastos de tristeza à nossa beira.
Há marcas de teu corpo no meu leito,
E vejo-te por perto quando espreito
Os cantos da saudade que me habita.
De alguma forma sempre serei tua
Porque inexiste força que destrua
Nosso passado e sua luz bendita.
Edir Pina de Barros é membro da Academia Brasileira de Sonetistas e da Academia Virtual de Poetas de Língua Portuguesa. Seus poemas estão disponíveis em vários livros, antologias, revistas eletrônicas e nas mídias sociais. É doutora e pós-doutora em Antropologia pela USP, professora aposentada (UFMT). Nasceu no Mato Grosso do Sul e hoje reside em Brasília.