As ossadas de animais que foram mortos durante as queimadas no Pantanal de Mato Grosso do ano passado, serão transferidas para o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Serão mais de 200 carcaças e ossadas de diversas espécies de animais que vão recompor exposições e pesquisas perdidas.
Os ossos de animais que não resistiram aos incêndios de 2020 foram coletados por pesquisadores em uma reserva particular no estado, que teve 93% da área de 108 mil hectares atingidos.
Nas queimadas do ano passado, mais 4 milhões de hectares ou 26% do bioma queimaram. De acordo com a gerente de pesquisa e meio ambiente Cristina Cuiabália três espécies foram as mais atingidas.
"Foi o maior incêndio que a gente tem registro. Esse estudo do impacto do fogo na fauna de vertebrados revelou que pelo menos os três mais atingidos foram os jacarés, os queixadas e os macacos pregos. Foram mais de 20 mil indivíduos mortos só dessas espécies", contou.
A partir de estudos na reserva no Pantanal, professores e pesquisadores do museu Nacional do Rio de Janeiro enxergaram a oportunidade de conservar esses animais. O incêndio que atingiu o museu em 2018 destruiu 90% dos 20 milhões de itens de diversas coleções.
O professor titular de coleção de mamíferos João oliveira as ossadas vão ajudar no acervo do museu.
"Em uma tragédia como esse incêndio em que esses animais morrem, a gente tenta aproveitar o máximo possível e para que essa representatividade das coleções seja maior, otimizada. O Pantanal tem representantes muito importantes da fauna de mamíferos brasileira como onças-pintadas, lobo guará, cervos, e outros animais grandes que são muito impactantes pro público em geral. A gente tem uma atenção especial a essa atividade de recomposição das exposições com o pantanal", disse.
A coleta, foi feita durante o período de impacto direto do fogo, em outubro do ano passado, e depois que os incêndios acabaram. Além de contribuir com a pesquisa, as ossadas são registros de um acontecimento histórico no país.
De acordo com o professor e pesquisador do museu nacional Luiz Flamarion de Oliveira, o material vai contribuir para documentação de uma época.
"O objetivo principal da coleta das carcaças é a identificação de espécies e que se faça avaliação morfológica, mas também ter esse material como testemunha de uma época que foi bastante drástica. A contribuição da nossa instituição é no sentido de armazenar um pouco da história ou pelo menos uma parte expressiva, seja sob ponto de vista biológico, antropológico. As carcaças vão servir não só como material científico, mas sim para documentação de um período, de uma época muito crítica que esperamos que não se repita", contou.