O primeiro presidente eleito com o voto direto depois da ditadura no Brasil, foi o Collor. Em uma época em que a nação estava sendo consumida pela inflação, ele nos convenceu de que os culpados eram os Marajás do serviço público e que somente ele poderia aplicar o Ipon (golpe perfeito) que derrotaria a inflação. A cacetada veio mesmo, mas foi na população: congelou os preços e confiscou a poupança. Não consta que tenha cassado algum marajá, mas foi, sim, cassado pelo Congresso Nacional.
Destronado pelos políticos foi substituído pelo Itamar Franco, que engendrou o Plano Real. Discretamente, como convém a um mineiro experiente, selou o cavalo no qual Fernando Henrique, então Ministro da Fazenda, montou e cavalgou com desenvoltura. Não sei se por mérito do plano, pela boa condução política dele ou porque a inflação começava a declinar na América do Sul depois de muitos planos fracassados, conseguiu domar a carestia e dar rumo ao País.
Aí ressurgiu o Lula que já havia perdido três eleições – uma para o Collor e duas para o Fernando Henrique – e fantasiado de moderado, como lhe ensinou o marqueteiro João Santana, vingando das duas derrotas venceu o Serra e o Alckmin, em dois pleitos.
Não satisfeito, inventou a Dilma Rousseff, que superou o PSDB, derrotando de novo o Serra e depois, em 2014, o Aécio Neves.
Note-se que em quatro eleições consecutivas o PT bateu os maiores caciques do PSDB Serra, Alckmin e Aécio, mas é bom notar que as diferenças nunca foram vexatórias e que em algumas ocasiões o número de votos de cada legenda se aproximou muito.
Os dados mostram que estes dois partidos estiveram na vanguarda política do Brasil por seis eleições consecutivas: Fenando Henrique/ Lula; Fernando Henrique/Lula; Lula/José Serra; Lula/Geraldo Alckmin; Dilma/Serra e Dilma/Aécio.
Entretanto, ambos os partidos perderam a relevância a partir de 2018, quando Bolsonaro ganhou dos dois, representados por Haddad e Alckmin.
O Partido dos Trabalhadores em 2018 estava tão desmoralizado com os escândalos descobertos pela Lava-Jato que, supunha-se, tão cedo não daria as caras em uma disputa eleitoral. Voltou. E veio com força, a julgar pelas intenções de voto que aparecem nas pesquisas.
O PSDB não teve a mesma sorte, parece perdido e sem rumo: o FHC só olha de longe; o Serra está afastado por problemas de idade e saúde, o Aécio enrolado com a justiça desde que foi flagrado pedindo dinheiro para a JBS e o Alckmin estudando uma mudança estratégica de partido.
Se já não bastassem ao PSDB as más notícias das pesquisas, que lhe dão de 1% a 3% de preferência dos eleitores, envolveu-se em uma crise interna para escolher o candidato do partido para as próximas eleições, piorando a situação.
O teimoso governador de São Paulo, João Dória, não abre mão do direito de ser o escolhido, mas encontrou o Eduardo Leite do Rio Grande do Sul que quer a mesma coisa. Na disputa expõem o intestino do partido, e com ele arrogância e leviandade.
O Lula, com sua esperteza política está ressuscitando o PT, enquanto isso no ninho dos tucanos a cada bicada dos seus chefes, é só pena que voa.
Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor