Opinião

Tempos: Coletânea indígena

Na Feira do Livro da Festa Literária – FLISESC, que ocorreu nos dias 13 e 14 de novembro no Sesc Arsenal, foi possível fazer um percurso mágico entre livros. Livros de autores e temáticas mato-grossenses foram o foco do evento. E a terrinha mostrou com intensidade sua produção literária, com livros de qualidade a preços especiais. Gosto para todo leitor: Arqueologia, Antropologia, Romance, Poesia, História, Artes Plásticas, Geografia, Filosofia, Biografias, Educação, Música, Sociologia, Comunicação, Literatura Infantil e Juvenil, Literatura Indígena e tantas outras áreas do conhecimento. Diversos autores estiveram bem próximos aos leitores, onde também puderam autografar seus livros.

Nesta aventura do livro, destaco “Tempos”, uma coletânea de textos indígenas organizada por Naine Terena de Jesus. Publicado em 2021 pela editora Sustentável, o livro foi contemplado pelo Fundo Estadual de Cultura de Mato Grosso da Lei Aldir Blanc.

“Tempos” conta com a organização de Naine Terena, Marcelo Mahuare Munduruku, Eliane Xunakalo, da etnia Kurâ-Bakairi e, da etnia Balatiponé-Umutina, Helena Indiara Ferreira Corezomae e Marcelo Corezomae. Como escreveu Naine Terena, “são textos que podem auxiliar na constituição das subjetividades acerca dos povos indígenas do estado e o mais importante: ser mais um instrumento de apoio educacional para professores, pesquisadores e alunos.”

Em tempos de ausências do sentipensante, termo empregado por Eduardo Galeando (1940-2015). Em tempo de ausência do sentipensante, as múltiplas dimensões e formas discriminatórias contra os povos indígenas atingem tamanhos gigantescos. Diante ao enorme desconhecimento que grande parte da população brasileira tem dos povos originários, “Tempos” nos dá uma rica oportunidade de conhecer uma parte do Mato Grosso, do Brasil. O Mato Grosso Terena (que também se faz presente em outros Estados), Bakairi, Munduruku e Balatiponé-Umutina.

Direciono meu trilhar rumo a uma postura decolonial e antirracista. Acompanho atentamente as perspectivas da linguagem estética do artista plástico Joaquín Torres-García (1990) e suas acepções sobre o universalismo construtivo latino-americano, ambas voltadas à autonomia da arte latino-americana, avessas à dependência colonial europeia. Bradou Torres-Garcia: “Nosso Norte é o Sul” (1990) ao desenhar o mapa da América Latina de cabeça para baixo.

É preciso fazer uma releitura contemporânea do Brasil para que nasça uma nova paisagem. E essa nova paisagem deve ser vivida com base nos saberes dos povos indígenas. Como nos ensina Ailton Krenak, “quando despersonalizamos o rio, a montanha, quando tiramos deles os seus sentidos, considerando que isso é atributo exclusivo de humanos, nós liberamos esses lugres para que se tornem resíduos da atividade industrial e extrativista. Do nosso divórcio das integrações e interações com a nossa mãe, a Terra, resulta que ela está nos deixando órfãos, não só aos que em diferente graduação são chamados de índios, indígenas ou povos indígenas, mas a todos.”

Na proximidade das férias escolares, uma dica para o público infantil e juvenil. E por que não adulto? Eu li e recomendo para todas as faixas etárias. Consulte o espaço virtual da Editora Sustentável pelo site https://editorasustentavel.com.br/

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Opinião

Dos Pampas ao Chaco

E, assim, retorno  à querência, campeando recuerdos como diz amúsica da Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul.
Opinião

Um caminho para o sucesso

Os ambientes de trabalho estão cheios de “puxa-sacos”, que acreditam que quem nos promove na carreira é o dono do