Há um ano das eleições de 2022 começam a afunilar as posições, mas ainda é muito cedo para cravar um palpite. O que se mostra no momento é a clara polarização entre bolsonarismo e lulismo, por enquanto dando a entender que não existe espaço para outros candidatos.
Os institutos que pesquisam intenções de voto, em várias rodadas, têm afirmado que esta tendência se mantém, apontando o líder do PT em primeiro lugar e o atual presidente em segundo.
Mas como quem “morre na véspera é o peru” e que há um longo tempo até o dia da votação, é bom não desprezar os demais candidatos que disputam um lugar na grande corrida eleitoral do ano que vem.
Nenhum dos demais concorrentes, é bom que se diga, têm suficiente carisma para garantir boa posição do grid de largada. O Ciro, recorrente candidato à presidência, tem aparecido nas pesquisas com cerca de 7% das intenções de voto e parece que não tem grande chance de prosperar porque é conhecido do eleitorado e já tem seus admiradores cativos, mas pouco espaço para conquistar outros.
No rebojo – com 1% a 7% dos votantes – estão João Dória, Henrique Mandetta, Eduardo Leite, Simone Tebet, Alessandro Vieira e Luiz Datena. A estes acrescenta-se agora o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que acaba de fiar-se ao PSD com pretensões de lançar-se candidato à presidência.
Para o primeiro turno a última pesquisa mostrou 28% para o Bolsonaro e 35% para o Lula, o que já sinaliza um recuo do petista. Isto quer dizer que cerca de 40% dos eleitores estariam divididos entre os demais candidatos, o que inviabilizaria todos eles. Uma união entre dois destes citados acima parece, por enquanto inviável, a não ser que algum deles topasse ser vice o outro.
O Ciro por exemplo nunca aceitaria um lugar de vice dado ao seu temperamento autoritário e nem dividiria programas de governo, porque acha que existe uma só verdade e que ele é dono dela. E quantos topariam ser vice de alguém tão intratável?
Este candidato, aliás, mesmo não se elegendo, terá grande influência na eleição por conta de sua verborragia e contundência. Politicamente sagaz e com o experiente marqueteiro João Santana já contratado, escolheu bater no Lula, não porque prefere o Bolsonaro, mas por achar este mais fácil de ser vencido no segundo turno.
Mas nem tudo está perdido para os que refutam Lula e Bolsonaro. O Sérgio Moro, que conforme notícias, no dia 15 próximo se filiará ao Podemos, parece propenso a aceitar a candidatura presidencial. Não que eu ache ser ele o candidato ideal, mas a safra está tão ruim que a escolha se dá por eliminação dos piores.
Ele é o único que, aceitando a incumbência, se largar bem nas pesquisas, tem a chance de atrair os outros candidatos – menos o Ciro – para fazer parte de sua chapa.
O Bolsonaro foi eleito cavalgando o anti-petismo; hoje o Lula desponta, montado na rejeição ao Bolsonaro. Isto sugere que o Moro – inimigo de ambos – pode receber os votos dos desafetos do petista e dos decepcionados com o atual presidente.
Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor