AS PLÊIADES NO UNIVERSO INFANTIL NAMBIQUARA
Os astros fazem parte do cotidiano dos índios. A etnia Nambiquara, por exemplo, associa a época da queimada à posição da constelação das Plêiades. Explicam os indígenas que as Sete Estrelas, como também são chamadas, aparece às dez horas da noite. Quando a constelação se deixa ver a olho nu por volta da meia-noite até às duas horas da madrugada é sinal de atear fogo no mato, previamente escolhido, para prosseguir com os trabalhos agrícolas. Outro sinal para indicar o tempo certo da queima é dado pela ave curiango, que canta no mês de agosto.
Para o Nambiquara, crianças – o bem maior – são referências frequentes nas narrativas míticas e, na maioria das vezes, responsáveis pelas inovações em seus modos de viver. São elas que trazem as grandes mudanças e, por sua condição etária, não são castigadas por seus atos imprevisíveis.
A constelação das Plêiades é, para o Nambiquara, formada por sete crianças que se transformaram em estrelas, quando em fuga subiram para o céu por uma escada de cipó, após matar uma mulher sobrenatural, de índole má. Uma criança, com medo, ficou para trás e, por isso, virou inhambu. De longe, a ave ainda podia ver o tamanho da escada de cipó e as crianças virando estrelas, a piscar no firmamento.
Assim como crianças, na imagem de estrela, passaram a ensinar a época propícia à agricultura, é também uma criança que se transmutou em diversas plantas comestíveis e utilitárias para alimentar seu povo e possibilitar a fartura alimentar que deve ser associada ao resultado da caça, da pesca e da coleta.
Na concepção Nambiquara, crianças-gentes, crianças-estrelas, crianças-espíritos estão sempre a mirar os adultos, prontas a desenhar um mundo com mais alegria.