A Justiça Estadual condenou Jefferson Rodrigues da Silva a 24 anos de prisão pelo latrocínio e ocultação de cadáver da empresária Rosemeire Soares Perin, 52 anos. A vítima chegou a ficar dois dias desaparecida e teve o seu corpo encontrado às margens da Estrada da Guarita, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá-MT. O crime ocorreu em fevereiro deste ano.
Além de Jefferson, o outro suspeito de envolvimento no caso, identificado como Pedro Paulo de Arruda, 29 anos, foi sentenciado a cumprir pena em regime aberto e ao pagamento de multas pelos crimes de ocultação de cadáver, resistência à prisão e tráfico de drogas. As decisões são da Quarta Vara Criminal da Comarca de VG.
Investigação
A empresária, que trabalhava há mais de 10 anos com a venda de produtos e embalagens para festas, máquina de sorvetes e outros equipamentos do ramo, desapareceu no dia 16 de fevereiro deste ano, após sair de sua casa no bairro Dr. Fábio, em Cuiabá, para entregar mercadorias em Várzea Grande.
Na ocasião, Rosemeire tinha ido até Várzea Grande para entregar produtos que o autor do crime havia adquirido e também cobrar uma dívida do mesmo. A vítima já tinha uma relação de comerciante e cliente com o suspeito.
As investigações apontaram que, em março de 2020, Jefferson comprou uma máquina de sorvete da vítima, no valor de R$ 7 mil, que posteriormente apresentou problema e precisou passar por manutenção, que ela mesma realizou. Do valor da manutenção da máquina, com a qual vendia sorvete em um supermercado, ele ficou devendo uma parte, e depois comprou mais um equipamento, um batedor de milk shake, e embalagens.
O suspeito deu um golpe que deixou Rosemeire desacordada. Depois ele a amarrou a vítima com fita adesiva e a amordaçou. A mulher despertou depois de um certo tempo e acabou sendo atacada com facadas na região do pescoço. Depois de cometer o crime dentro do quarto, conforme apontou levantamento da perícia, o suspeito procurou um parente e pediu ajuda, mas não conseguiu.
Ocultação do corpo
O autor confesso do crime procurou então a ajuda de outra pessoa, com quem já havia trabalhado em um lava-jato, para ocultar o corpo de Rosemeire. Por volta das 22h do dia 16 de fevereiro, eles voltaram à quitinete, enrolaram o corpo em um lençol, uma lona e um edredom, e depois seguiram até a região da estrada da Guarita, onde jogaram o cadáver em um barranco.
Em diligências no dia 18 de fevereiro, uma equipe do Batalhão da Rotam abordou o veículo que era conduzido pelo suspeito e com ele foi encontrada a carteira de habilitação da vítima. Conduzido à DHPP, em um primeiro depoimento ele deu informações contraditórias e negou. Depois, acabou confessando o que acreditou que seria um crime ‘perfeito’ e informou que recebeu ajuda de uma segunda pessoa.
O segundo suspeito, que deu apoio para o transporte e ocultação do corpo, foi detido ainda na quinta-feira, também por uma equipe da Rotam. Na delegacia, ele negou que tivesse cometido o crime, inclusive o tráfico de drogas pelo qual foi detido também em flagrante, e que não teve nenhuma participação na ocultação do corpo de Rosemeire.
Contradições e provas
A investigação, baseada em inúmeras evidências, exames periciais e oitiva de testemunhas, concluiu que o autor do crime decidiu tirar a vida da vítima não apenas por ter 'perdido a cabeça' com a cobrança recebida por uma dívida que tinha com Rosemeire, como afirmou em depoimento. O conjunto de informações reunidas no inquérito aponta que ele, decidido a subtrair o veículo da vítima, um carro modelo HB 20, e percebendo o momento oportuno, não teve dúvidas em agir. Além disso, a apuração constatou ainda que a alegação dele, de que havia um vínculo de intimidade com a vítima não se confirmou.
“Só que, para tanto, e até mesmo para não sofrer consequências criminais, o que confirmou em interrogatório, a matou em sua quitinete, com requintes de crueldade. Após, preparou todo o cenário para a 'segura' ocultação do cadáver, para o que contou com apoio do outro investigado”, explicou o delegado Caio Albuquerque.
A investigação apurou as alegações dadas pelo autor do latrocínio, que em um dos depoimentos assumiu o crime, mas informou que a vítima esteve no lava jato após entregar as mercadorias que ele havia comprado e que permaneceu no local aguardando a lavagem de seu veículo e que depois, aina segundo ele, retornaram à quitinete dele para fazer a testagem do batedor de milk shake, quando então Rosemeire foi morta.
Testemunhas ouvidas pela DHPP negaram que a Rosemeire tenha estado no lava jato no dia em que morreu. Inclusive, uma delas informou à Polícia Civil que o autor do crime foi ao lava jato por três dias consecutivos para lavar o veículo, do qual ele se apossou após cometer o crime.
“O que constatamos e está nos autos, de forma coerente e objetiva, é a situação de uma mulher que, deslocando-se para a entrega de um maquinário e mercadoria, acabou caindo em uma verdadeira cilada, tendo seu veículo subtraído, seguido de sua morte e ocultação do cadáver”, concluiu o delegado.
A investigação sobre a morte da empresária contou com a colaboração das equipes dos delegados Fausto Freitas e Marcel Oliveira.