Com aumento de 35,1% de novos casos de coronavírus na última semana, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), decidiu prorrogar a fase de transição do Plano São Paulo, mantendo as atuais medidas e horários de funcionamento do comércio até 30 de junho. "Com o aumento dos índices da pandemia, sobretudo em algumas áreas localizadas do Estado, o centro de contingência recomendou prorrogar por mais duas semanas", disse o governador. "É uma medida de cautela, para proteger a vida das pessoas."
As restrições atuais determinam toque de recolher das 21 às 5 horas. Assim, comércios, restaurantes, salões de beleza, atividades culturais e academias de esportes podem funcionar das 6 às 21 horas, com no máximo 40% da capacidade. "O toque de recolher tem sido fundamental para contenção e redução da aceleração da pandemia neste momento que ainda requer cautela", afirmou a secretária Patricia Ellen, de Desenvolvimento Econômico.
Além da prorrogação, a gestão Doria vai recomendar que cidades com o sistema de saúde pressionado pela pandemia adotem medidas ainda mais restritivas do que as previstas no Plano São Paulo. A decisão final, no entanto, caberia às prefeituras. "A sugestão será feita a todos os municípios com mais de 90% na ocupação de leitos de UTI", disse João Gabbardo, coordenador executivo do Centro de Contingência Covid-19. Entre as medidas recomendadas está reduzir o intervalo de funcionamento do comércio.
Como o Estadão mostrou ontem, pela primeira vez depois de ter conseguido reduzir os números da pandemia com o fechamento total das atividades, a cidade de Araraquara, no interior de São Paulo, voltou a atingir nesta terça-feira índice de covid-19 suficiente para a decretação de um novo lockdown. De 563 amostras analisadas, 21,13% deram positivo para o coronavírus. Em Presidente Prudente, também no interior paulista, o Ministério Público Estadual já recomendou que a prefeitura decrete lockdown.
De acordo com dados da Secretaria da Saúde, a taxa de ocupação de leitos de UTI está em 82,1% no Estado e 79,4% na Grande São Paulo. Ao todo, há 11.189 pacientes nas UTIs e as internações hospitalares têm crescido 0,5% ao dia. Desde o início da pandemia, foram registrados 3.382.448 casos e 115.960 mortes por coronavírus.
Manifestações
Por causa do cenário epidemiológico, o governo demonstrou preocupação com as manifestações de grupos pró e contra Bolsonaro, marcadas para os próximos dias. "O comitê recomenda que não ocorra, porque isso aumenta o risco de contaminação e, com certeza, prorroga o período da pandemia", afirmou Gabbardo. "Somos absolutamente contrários a qualquer tipo de manifestação, seja do lado A ou lado B."
Doria declarou, ainda, que o Estado vai multar o presidente Jair Bolsonaro, caso a determinação para uso obrigatório de máscara seja desrespeitada. "É lei", disse. "Se o presidente Jair Bolsonaro imagina que, pelo fato de ser presidente, pode vir a São Paulo participar de um movimento de rua, seja qual for a razão ou o motivo, e não usar máscara, ele será multado como qualquer outro cidadão."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo