Opinião

Ruth Guimarães Contos índios

Em minhas mãos, Contos índios. Livro escrito por Ruth Guimarães Botelho (1920-2014). Nascida em Cachoeira Paulista, São Paulo, a poeta, cronista, romancista, jornalista, teatróloga, contista e tradutora lecionou Língua Portuguesa em escolas da rede pública de São Paulo por mais de 30 anos. A correnteza das águas do romance Água Funda (1946) a levou para o pedestal de primeira escritora brasileira negra a projetar-se nacionalmente.

Contos índios – presente de Danton, irmão primogênito e meu mecenas desde os tempos em que morei na aldeia Nambiquara, na década de 1980 – chega para integrar minha coleção temática de livros infantis e juvenis sobre povos indígenas no Brasil, de autoria indígena e não indígena. O professor e escritor Daniel Munduruku, que concorre a uma cadeira de imortal na Academia Brasileira de Letras, assina o prefácio do livro de Ruth Guimarães, composto por 19 narrativas obtidas de registros orais dos antigos habitantes da região.

Contos índios se divide em Mapeamento da região pesquisada e Contos Curumins. Na primeira parte, a autora descreve de forma breve os Antigos habitantes indígenas do médio Vale do Paraíba; Vestígios indígenas na nossa formação; O folclore nosso de origem ameríndia; As contaminações; Indígenas puros, mestiços; Artesanato Ameríndio; Outras técnicas culinárias.

Em seguida, Contos curumins traz sete subcapítulos: I. Cosmogonia Tupi; II. Histórias etiológicas de bichos; III. Histórias de macaco; IV. Histórias de onça; V. Ciclo do jabuti; VI. Quatro histórias do curupira; VII. A cobra-grande. Todos eles versam sobre a criação do mundo.

Ainda que estejam presentes nos textos os termos “índio puro”, “fabulário indígena”, “indianismo puro”, “contaminações” (indicando miscigenações), “bugre”, dentre outros, Contos índios representa “um documento essencial para não esquecermos nossas próprias raízes ancestrais”, palavras de Daniel Munduruku. Ao início do livro, Ruth Guimarães faz um alerta ao leitor: “O índio como raça está perdido, isto é, em extinção.” A alegação da autora baseia-se no fato de ter vivido em um tempo em que “grandes grupos indígenas foram dizimados, para que os homens dito ‘os que trazem a civilização’ buscassem nos sertões: cacau, salsaparrilha, urucu, anil, sementes, raízes, castanhas, minério, ouro, diamante.” Diferentemente dos dias de hoje?

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