Faz algum tempo que a arte indígena vem estimulando designers. Entre tantos profissionais competentes, há a paulistana Carol Gay, que também se inspira na arte dos indígenas na criação de soluções para as necessidades cotidianas de diversos ambientes, entendida pela artista como “a forma mais pura de artesanato do Brasil”. A “Cadeira Cinto”, por exemplo, feita com fitas de cintos de segurança, ressalta a arte de trançar materializada nas tramas das cestarias da etnia Tukano, Amazonas. Há também as luminárias-esculturas de resina de Bianca Barbato que reproduzem o formato de cabaças usadas pelos indígenas de inúmeras etnias como recipiente para fumo, água e outras bebidas à base de tubérculos e frutos.
Mato Grosso não fica atrás. Incontáveis peças de argila e gesso recebem das mãos criativas da Valearte – Associação dos Artistas Plásticos e Artesãos do Vale do Araguaia – Barra do Garças, desenhos geométricos oriundos de motivos indígenas, especialmente aqueles encontrados no grafismo que vestem corpos.
O grafismo indígena parece ser uma característica comum aos 305 povos indígenas que atualmente habitam o território brasileiro. Papéis sociais acham-se inscritos na geometria de seus traços elaborados com material tintório vegetal e mineral ofertado pela natureza. Entre o povo Kayapó, por exemplo, a ornamentação corporal diz respeito à “pele-social”, isto é, a ordem social reflete-se na infinidade de desenhos que cobre seus corpos como uma vestimenta que, associada aos adornos, constitui códigos não verbais à identidade da pessoa indígena.
Em falar em Kayapó, Ana Lívero traz para abajures, luminárias, bolsas dentre outros objetos a pintura executada por mãos de mulheres da etnia Kayapó. Suas obras nos inspiram a fazer novas escolhas. Escolhas conscientes em prol de um planeta mais verde, de águas límpidas, de ar puro.
A incorporação de elementos indígenas à arte feita por artistas indígenas e não indígenas vai muito além da estética. Ela, sem dúvida, valoriza conhecimentos milenares oriundos de nossas raízes. Ela protege o nossa casa chamada Terra.