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Doentes intubados estão acordados por falta de sedativos, dizem médicos

O crescimento abrupto do número de infecções no Brasil causou um volume de internamentos sem precedentes, o que colocou muitos hospitais em situação extremamente precária, sem disponibilidade de medicamentos para sedar e aliviar a dor de pacientes ventilados. O governo está distribuindo lotes de medicamentos, mas a quantidade não é suficiente em relação ao aumento de contágios.

Um dos estados onde a situação é mais crítica é São Paulo, o mais populoso do país, que está recebendo  400 mil lotes, um fornecimento que será suficiente apenas para "alguns dias". O estado, com 46 milhões de habitantes, tem o maior volume de pacientes intubados por causa da Covid-19.

No Rio de Janeiro a situação não é muito diferente. Uma enfermeira do Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, na zona oeste do Rio, diz que os doentes em estado grave se encontram intubados, acordados e amarrados às camas, por causa da falta de sedativos, de acordo com o G1.

"Na sala vermelha [UCI], os pacientes estão intubados e amarrados, estão vivendo tudo acordados e sem sedativo, pois não tem nenhum sedativo, acabou tudo. Só para a UTI e estão sendo diluídos, e mesmo assim não dá para todos os pacientes", diz a enfermeira.

Só naquela unidade de Saúde há 78 internados com a doença.

"A contenção mecânica usada sem sedativos é realmente uma forma de tortura porque o paciente está ali incomodado e numa situação em que ele não pode nem mesmo chamar ajuda pela equipe multiprofissional", explicou, ainda, o médico intensivista Áureo do Carmo Filho.

Alguns profissionais de Saúde indicaram à publicação que estão sendo usados, em alguns casos, medicamentos mais antigos e com mais hipóteses de efeitos secundários.

Em causa, está o chamado 'kit de intubação', composto essencialmente por três tipos diferentes de sedativos, necessários para o processo de intubação traqueal de pacientes em estado grave.

Tanto o Ministério da Saúde como as organizações que reúnem os governadores e presidentes de municípios iniciaram negociações com outros países e com as Nações Unidas para tentar garantir tanto estes sedativos como oxigênio medicinal, que também começou a ficar escasso em pelo menos 400 cidades, de acordo com dados oficiais.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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