Em 2018, quando parte do Brasil comemorava a vitória do Presidente Bolsonaro sobre o Haddad, não se previa que, em tão curto tempo, o PT voltaria fortalecido ao jogo político. Pois voltou. Com o falso discurso que o Lula é inocente, quer inverter a posição da última eleição. Se na época o Bolsonaro era o único que podia derrotar o PT, agora – garantem –só o Lula pode vencer o Bolsonaro. A estratégia é a mesma: o voto anti petista derrotou o Haddad e o voto anti Bolsonaro elegerá o Lula.
Corremos o sério risco de voltar à esquerda sem termos conhecido um governo genuinamente de direita. Sim, porque o Presidente Bolsonaro que tinha nas mãos a oportunidade de mostrar que o liberalismo poderia ser uma solução para o Brasil jogou-a no lixo e está dando ao PT a chance de sonhar, de novo, com a cadeira presidencial.
Segundo alguns palpiteiros de Brasília, o Presidente sempre quis o PT como adversário em 2022, mas, suponho, nunca pensou que pudesse ter o próprio Lula como adversário, detalhe que altera todo o processo político.
Mesmo com o Lula ressuscitado, os bolsonaristas estão convencidos de que somente os seguidores mais radicais continuariam fiéis ao PT e que é muito difícil conseguir ampliar o número dos seus eleitores, além dos 30% tradicionais.
Os lulistas não pensam assim. Estes acreditam que, com a liberação do ex-presidente para candidatar-se, haverá uma grande adesão de pessoas que se desiludiram com o Bolsonaro e que estão procurando uma alternativa.
Há uma verdade incontestável: se a disputa Lula/Bolsonaro ocorrer, surgirá uma enormidade de fatos e de fakes para “enriquecer” os discursos de ambos, com potencial de transformar a campanha em uma verdadeira briga de rua.
Os bolsonaristas acusarão o Lula de ser um criminoso condenado e que a anulação da pena não representa uma aceitação da inocência, o que é verdade.
De outro lado, os petistas colocarão sobre os ombros do Bolsonaro as milhares de mortes evitáveis que ocorreram porque o Presidente, pensando na reeleição, recusou-se a salvar.
O confronto, caso se materialize, é péssimo para o País. Já conhecemos a capacidade de ambos: um, pela omissão e busca de benefícios próprios, mergulhou o Brasil na corrupção. Por causa dela quase morreu politicamente, mas ressuscitou e assombra os vivos. O outro, só agora, quando passamos de 2.000 mortes por dia, resolveu dar algum sinal de apoio à vacinação contra a Covid.
Triste sina a nossa, mais uma vez, se as coisas realmente se polarizarem entre o PT e o atual presidente, iremos às urnas em 2022 não para eleger um candidato que represente a esperança do povo, mas para nos defendermos do outro.
Em 2018 nos unimos para defenestrar o PT, no ano que vem, pode ser que votemos para nos livrarmos do Bolsonaro. E o que é pior: o “Cavaleiro do Apocalipse” que deveria ficar preso por mil anos, para o regalo de seus inimigos, livrou-se das grades e apresenta-se como o “Salvador” dos oprimidos. Enquanto isso o “Messias” que segundo a Bíblia, traz a vida, ignorando o perigo do vírus, ajuda a espalhar a morte.
Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor