Com atraso de pelos menos 15 dias, entraram em vigor as inevitáveis medidas para diminuir o contato entre as pessoas e dificultar a transmissão da covid em Mato Grosso. Com medo de perder votos as autoridades protelaram as ações, alegando dificuldades de convencer as pessoas a aderirem às restrições, mas elas sabem que a fase de conscientização já passou, agora é caso de polícia.
O Presidente é o principal culpado pelos rumos da pandemia no Brasil, mas não isento os governadores e prefeitos, que também se omitiram. O STF deu a eles o direito e o dever de tomar as medidas necessárias, sem tirar de Bolsonaro a responsabilidade e a obrigação de agir no combate ao vírus.
É compreensível que empresários e trabalhadores sejam contrários ao fechamento do comércio, afinal muitos dependem dessas atividades para sobreviver. O problema é que, definitivamente, não há outra solução para diminuir o número de mortes. A vacina é a única esperança, mas ela demora, principalmente porque o Bolsonaro a boicotou quanto pode, recusando-se a compra-la quando havia ofertas.
Agora, com a distribuição intermitente e em pequeno volume, teremos que aguardar alguns meses para surgirem os efeitos na população. Enquanto isso, por mais que o governo Bolsonaro diga que não, só nos restam as medidas que tem dado certo no mundo inteiro: ficar longe de outras pessoas, usar máscara e manter as mãos limpas e afastadas do rosto.
Para os que não acreditam na força do nosso Presidente para tornar a epidemia mais grave do que já é, seria bom observar o que aconteceu nos Estados Unidos. Lá enquanto o ídolo dos bolsonaristas estava no governo, as mortes passaram de 4.000 pessoas em um só dia, depois de sua saída este número caiu mais de 50% e continua em queda. Enquanto isso, no mesmo período, no Brasil, governado pelo Trump tropical, as mortes diárias cresceram mais de 40%.
Os Estados Unidos eram considerados o pior país do mundo no combate à Pandemia, agora esta posição no ranking mundial está com o Brasil. Enquanto o Biden promete vacinar todos os americanos adultos até maio próximo, o nosso “mito” desacredita ou ignora a campanha vacinal. Aliás, ele está buscando um substituto para a Cloroquina, mundialmente desacreditada, anunciando a viagem de uma equipe a Israel para conhecer o Spray nasal contra Covid. Muito melhor seria copiar o que esse país exemplar fez – vacinação e lockdown – para conter a doença.
Temos ainda o caso de Portugal que reduziu drasticamente o contágio e as mortes, fazendo um eficiente fechamento das atividades, enquanto acelera o processo de vacinação. Lá o número de mortos passou de trezentas e tantas, para menos de 40 por dia.
Segundo a OMS, o Brasil de Bolsonaro é hoje o principal aliado mundial do vírus e não adianta contarmos com o Presidente, porque de onde menos se espera é que não sai nada mesmo.
Ao povo resta esperar que um dia sejam punidos os responsáveis por transformarem o Brasil em uma “ameaça sanitária global” – novo título que os jornais internacionais nos deram nesta semana.
Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor