A fonoaudióloga e audiologista Vanessa Moraes, de Cuiabá (MT), relata estar recebendo pacientes que superaram o coronavírus se queixando de perda de audição e zumbido. Mesmo não havendo estudos conclusivos sobre o tema, a especialista alerta sobre a importância do tratamento para evitar futuras complicações.
Estudo realizado por especialistas da Universidade de Manchester, no Reino Unido, entrevistou 121 adultos em tratamento da Covid-19. Eles foram questionados sobre os sintomas durante um período de oito semanas após receberem alta do hospital. Desses, oito relataram uma deterioração na audição e outros oito relataram zumbido.
Como há relatos, entende a especialista Vanessa Moraes que há uma necessidade urgente de novas pesquisas de alta qualidade para investigar os efeitos agudos e temporários da covid-19 na audição e no sistema audiovestibular.
Vanessa lembra que estudos e casos clínicos já divulgados apontam que infecções virais e bacterianas podem causar perda auditiva após a contaminação. “Isso é fato. Agora, enquanto não temos pesquisas conclusivas sobre a relação do coronavírus com o surgimento de problemas de audição, o melhor mesmo é tomar todo cuidado e proteção para que não haja a contaminação, até porque a Covid-19 por si já representa um risco iminente à saúde”.
E aos primeiros sintomas da perda de audição e zumbido, o paciente deve procurar orientação de um profissional da saúde para o tratamento correto. “O uso de medicamentos por conta própria pode ser prejudicial à saúde”, alerta a especialista, que tem recebido pacientes reclamando de problemas de audição após o tratamento contra a Covid.
Zumbido
Estima-se que 80% das pessoas que sofrem de zumbido também experimentam algum grau de perda auditiva, embora possam ignorá-la.
O sintoma pode ser causado por vários fatores, e até mesmo começar sem motivo aparente. Mas pode ter um grande impacto, trazendo estresse, ansiedade, raiva e perda de sono.
Entre as causas conhecidas do zumbido estão o processo de envelhecimento natural, ruídos de impacto súbito, lesões na cabeça e no pescoço, reação à medicação e aflição emocional ou estresse.
“O primeiro passo para assumir o controle do zumbido é consultar um profissional para diagnóstico e tratamento”, orienta Vanessa Moraes.
Estatística
Uma a cada quatro pessoas terá problemas de audição em 2050 no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), que lança o primeiro relatório mundial sobre a audição. Atualmente, uma a cada cinco pessoas no mundo tem problemas de audição. A divulgação do relatório coincide com o Dia Mundial da Audição celebrado todo dia 3 de março.
Ainda segundo a OMS, o número de pessoas com perda auditiva pode aumentar mais de 1,5 vez nas próximas três décadas, a 2,5 bilhões, contra 1,6 bilhão em 2019. Desse total, em 2050, 700 milhões de pessoas estariam em uma condição grave o suficiente para precisar de tratamento.