Jurídico

Defensoria Pública de MT oferece atendimento em Libras para surdos e mudos

A Defensoria Pública de Mato Grosso passou a oferecer, a partir deste ano, atendimento especializado para pessoas surdas e mudas. A iniciativa faz parte de um convênio firmado entre o órgão e a Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania (Setasc), que conta com tradutores e intérpretes da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras).

Os atendimentos para esse público serão realizados virtual ou presencialmente (apenas Cuiabá e Várzea Grande), das 7h30 às 17h30.

O Termo de Cooperação Técnica 0178, assinado no dia 31 de dezembro de 2020, prevê que a DPMT deverá agendar previamente o atendimento aos cidadãos com deficiência auditiva e de fala junto à equipe de intérpretes e tradutores, conforme as regras estabelecidas pela Setasc.

História

Esse não foi o primeiro atendimento a pessoas com deficiência auditiva ocorrido na Defensoria Pública. No dia 19 de julho de 2017, Luiz Lima Pinheiro, que é surdo, procurou a Coordenadoria de Direitos Humanos da DPMT, já extinta, que ficava na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).

Pinheiro buscava realizar a partilha de bens após uma separação com sua antiga companheira. No entanto, por conta da dificuldade de comunicação, ele não conseguia ser compreendido em nenhum órgão pelo qual passou.

O servidor Jairo Francisco do Carmo, técnico administrativo da DPMT com formação em Língua Brasileira de Sinais pelo Centro de Apoio e Suporte à Inclusão da Educação Especial (CASIES), foi o responsável pelo atendimento na época.

“Para mim, foi uma satisfação muito grande poder participar desse momento histórico do atendimento inicial a um deficiente auditivo na Defensoria Pública”, relatou Carmo, que atualmente cursa uma especialização em interpretação de Libras.

Segundo Jairo, que se lembra muito bem da ocasião, Luiz ficou emocionado ao conseguir contar sua história. “Foi um alívio o fato de ter conseguido se comunicar com alguém e alguém ter falado com ele. Ele teve voz. Eu vi no olho dele a felicidade porque foi um passo grande que ele deu, pois naquele momento ele ainda não sabia que o problema dele seria resolvido”, narrou.

Inclusão

Atualmente lotado no Núcleo de Execução Penal (Nep), o servidor também foi convocado, por conta de sua formação, para realizar atendimentos a pessoas surdas e mudas no Núcleo de Iniciais da Defensoria Pública, localizado no edifício American Business Center, na Avenida do CPA, e também na sede da Instituição, no Centro Político Administrativo da capital.

“Fiz mais atendimentos no Núcleo de Iniciais, pois tem muito movimento lá e, por consequência, a incidência de pessoas com deficiência auditiva é maior”, afirmou Carmo, que também cursa o último ano de Biomedicina.

A partir de agora, por meio do convênio com a Setasc, a Defensoria Pública Estadual oferecerá esse atendimento especializado a todo cidadão com algum tipo de deficiência auditiva ou de fala. O atendimento aos surdos e mudos é primordial para promover a inclusão no acesso à Justiça.

“Desde que comecei a estudar Libras, convivo nesse meio e percebo que, para um surdo ou mudo, quando ele consegue se comunicar com alguém, receber atenção, é um prazer. São pessoas carentes, muitas inclusive revoltadas, com a fama de serem bravos. Mas, na verdade, eles não são bravos. É a frustração de não poder se inserir no mundo através da comunicação porque eles se sentem excluídos”, explicou Jairo.

 

Redação

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