Por meio da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra), o Governo de Mato Grosso deu início, nesta quarta-feira (3), aos trabalhos de recuperação da Baía de Chacororé, em Barão de Melgaço (113 km de Cuiabá-MT). Uma equipe da Secretaria de Meio Ambiente também está no local para acompanhar a operação.
A ação faz parte de uma força-tarefa do Governo de Mato Grosso para recuperar as condições ambientais, proteger a planície inundada e sanar as causas da diminuição do nível do volume de água no local. De acordo com a Sinfra, serão realizadas obras de engenharia ao longo da rodovia municipal conhecida como Estirão Comprido, onde estão os principais corixos que levam água para as Baías de Chacororé e Siá-Mariana.
Ao todo, 13 pontos localizados entre o Rio Cuiabá e a Baía de Chacororé receberão as intervenções das equipes de trabalho. Essas regiões têm influência na alteração da dinâmica hídrica superficial e subsuperficial e, consequentemente, na diminuição volumétrica das águas na Baía.
De acordo com o secretário de Estado de Infraestrutura e Logística, Marcelo de Oliveira, serão executadas obras de retirada das estruturas de aterros e de matérias orgânicas que impedem as drenagens de curso d’água superficiais, além da desobstrução de bueiros para melhorar a transposição da água do rio, fazendo com que o sistema se torne mais eficiente.
Também serão removidos os desvios que foram feitos na rodovia municipal quando da instalação de pontes de madeira pela prefeitura e que não foram removidos com o término das obras das pontes. Além disso, será feita a limpeza dos bueiros e estruturas de drenagem presentes na MT-040 para melhorar o fluxo de água.
“Durante a vistoria, a Sinfra identificou que os canais e corixos não tem grande quantidade de água agora. Mas quando voltar a chover e ter água isso vai ajudar a aumentar o fluxo para chegar na Baía de Chacororé. São ações emergenciais que estamos realizando agora”, disse o secretário.
A superintendente Ambiental de Obras da Sinfra, Nadja Felfili, esclareceu que todo o material do aterro retirado dos desvios serão utilizados na reparação do encabeçamento das pontes, a fim de melhorar as estruturas e otimizar o serviço. A previsão é de que os serviços sejam finalizados ainda no mês de fevereiro.
Duas décadas de monitoramento
O nível e a qualidade da água da Baía de Chacororé são monitorados pela Sema desde 1999.
De acordo com o analista de meio ambiente, Rafael Teodoro de Melo, a época foi construída uma barragem submersível no corixo do Mato para manter o nível da água da baía de Chacororé, o mesmo tipo de estrutura foi feita no corixo Tarumã para assegurar o nível de Siá Mariana. O corixo do Mato liga as duas baías, já o Tarumã conecta Siá Mariana ao rio Cuiabá.
A contenção feita com pedras e terra tem cerca de 2,5 metros de altura e além de controlar o fluxo, melhora a qualidade da água.
“O que vimos desde 1999 com a construção da barragem foi uma melhora significativa na qualidade da água das baías, melhorando o ambiente para a vida dos peixes”, relembra o engenheiro sanitarista.
Em 2010, a barragem do corixo do Mato foi destruída por ação humana e precisou ser refeita. Já em 2020, novas avarias foram encontradas e a própria comunidade recompôs a barreira.
Os corixos são corpos hídricos que levam água, nutrientes e ovas e peixes nos dois sentidos: na enchente leva água dos rios para a baía e na vazante a água e os peixes são levados de volta para o rio. Já um rio corre apenas em um sentido a partir de sua nascente.
A baía de Chacororé é abastecida a montante, parte alta, pelos rios Cupim e Água Branca que descem da região da Serra de São Vicente, já a parte baixa da baía é abastecida pelos corixos que ligam o banhado ao rio Cuiabá e pelo rio Chacororé.
Na cheia, o complexo de baías de Chacororé chega a 45 mil hectares de lâmina de água, a partir da união com Siá Mariana e Lago de Mimoso. Já na época da estiagem, a baía Chacororé ocupa uma área de 11 mil hectares.