O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), voltou a criticar a postura do governador Mauro Mendes (DEM) em relação à troca do veículo leve sobre trilhos (VLT) pelo sistema de ônibus rápido (BRT na sigla em inglês). Segundo Emanuel o governo não pode ter uma posição "arrogante" e apenas impor uma decisão.
A troca de farpas entre os dois gestores vem de antes da decisão do VLT. Desde que Mendes assumiu o governo, ele e Emanuel têm trocado críticas sobre vários assuntos como o atendimento na saúde, medidas restritivas durante a pandemia da covid-19 e até pelo apoio de políticos em seus partidos.
“Quem tem que discutir o que é melhor, se é VLT ou BRT, é a população. A população tem que ser ouvida como a lei manda, com audiências públicas. A prefeitura também tem que ser ouvida, os técnicos da prefeitura têm que ser ouvidos, não existe a possibilidade de uma posição isolada, unilateral, arrogante, sem nenhum embasamento técnico na calada da noite, as vésperas das festas de fim de ano, e dizer o que é melhor para população", afirmou Pinheiro.
Desde quando o governador anunciou a decisão de não finalizar as obras do VLT e investir no BRT, ainda em dezembro de 2020, o prefeito afirmou que Cuiabá e Várzea Grande deveriam ser ouvidas antes da publicação da medida e entrou com processos para barrar a troca proposta por Mendes.
“O que estou pedindo na Justiça é para parar tudo, compartilhar tudo com Cuiabá. O Governo não tem legitimidade para decidir sozinho, não pode decidir sozinho, tem que ouvir Cuiabá, ouvir a sociedade, ouvir a população cuiabana e ouvir a Prefeitura Municipal de Cuiabá. E eu vou recorrer até o último minuto em defesa de Cuiabá”, argumentou o prefeito sobre as ações que tramitam na Justiça para reverter a decisão.
Emanuel ainda argumentou que a decisão do governo sobre a troca do VLT pelo BRT não obedece à Lei Federal de nº 13089/2015, denominada Estatuto da Metrópole, que estabelece que os Estados, mediante lei complementar, poderão instituir regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, constituídas por agrupamento de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
"A lei manda isso, você não pode ouvir só o município diretamente afetado, como aqueles indiretamente afetados, que se refere a Leverger, Livramento, Chapada. Essa é a natureza da região metropolitana quando vem uma grande obra, que é o caso do transporte intermunicipal e desse modal. Ninguém foi ouvido, essa é a verdade. O que se discute agora é que eu exijo respeito com a população cuiabana, isso não vai passar ‘goela abaixo’, pelo menos eu vou lutar até o último minuto, vou ‘morrer atirando’, mas eu exijo respeito com Cuiabá, exijo respeito com a população cuiabana", enfatizou o gestor municipal.