Uma moradora do município de Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, relatou a falta de medicamentos contra a hanseníase, quando foi buscá-los em postos. Segundo o Ministério da Saúde, houve um problema de impureza nos lotes previstos para serem entregues em outubro, o que ocasionou a necessidade da produção de novos medicamentos.
Moradora de Várzea Grande, Vanessa, que teve seu nome trocado a pedido de privacidade, contou que foi diagnosticada com hanseníase em novembro de 2020. Ela sofria com os sintomas há anos, mas em nenhuma das consultas foi constatado o diagnóstico correto. A descoberta da doença se deu apenas quando se consultou com um médico da rede pública. Além dela, outros sete familiares também foram diagnosticados.
Inicialmente, o tratamento foi realizado conforme deveria acontecer. Ela elogia o sistema público e confessa ter sentido um certo alívio ao perceber que com o tratamento sua situação mudaria. Entretanto, em dezembro, quando foi buscar uma nova cartela de medicamentos, ela foi surpreendida ao ser informada de que estavam em falta. Vanessa foi em dois postos de saúde, nos bairros Jardim Glória e Nossa Senhora da Guia.
“Desde dezembro não está vindo. Não sabemos se é só em Mato Grosso ou se é no Brasil inteiro”, contou. “Mesmo pegando o nome, você não consegue comprar sozinho. Quando a gente começou o tratamento, melhorou tudo. A gente se deparou sem e voltou tudo de novo. Bateu aquele desespero de pelo menos tentar achar para comprar. É uma medicação que não pode faltar e uma doença que não pode interromper o tratamento”, desabafa.
A Secretaria Municipal de Saúde de Várzea Grande confirmou a falta de medicamentos e alegou ser responsabilidade do Ministério da Saúde. Em nota, o órgão afirmou que foram encontradas impurezas na remessa que deveria ter sido entregue em outubro de 2020. Por este motivo, foi necessário produzir novos lotes, ocasionando o atraso no repasse aos estados e municípios.
“A chegada do medicamento estava prevista para outubro de 2020, entretanto, os testes finais realizados no produto detectaram impurezas (desvio na qualidade) nos lotes que seriam enviados ao Brasil. Desta forma, foi necessária a produção de novos lotes do medicamento. O Ministério da Saúde está em tratativas para que o medicamento chegue ao país o mais breve possível. As orientações para os estados sobre como agir diante deste imprevisto podem ser acessadas na Nota Técnica publicada pelo Ministério da Saúde”, informou.
A equipe de reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá para averiguar como está o estoque dos medicamentos na capital. Em nota, a pasta garantiu que o atraso não irá afetar a perda do tratamento. Na nota, a secretaria ainda alega que o Ministério da Saúde já repassou a informação aos estados e municípios, como também encaminhou para a Anvisa a solicitação para emitirem a documentação com excepcionalidade de importação de uma remessa dos remédios.
A Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES-MT) também reafirmou as informações do Ministério da Saúde, porém acrescentou que não há previsão de quando o fornecimento será normalizado.
Confira na íntegra a nota do Ministério da Saúde:
A Poliquimioterapia, utilizada para o tratamento de pacientes com hanseníase, é disponibilizada a partir de doação internacional da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS/OMS). A chegada do medicamento estava prevista para outubro de 2020, entretanto, os testes finais realizados no produto detectaram impurezas (desvio na qualidade) nos lotes que seriam enviados ao Brasil. Desta forma, foi necessária a produção de novos lotes do medicamento. O Ministério da Saúde está em tratativas para que o medicamento chegue ao país o mais breve possível. As orientações para os estados sobre como agir diante deste imprevisto podem ser acessadas na Nota Técnica publicada pelo Ministério da Saúde.
Confira na íntegra a nota da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso:
A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) esclarece que o fornecimento de medicamentos para o tratamento de hanseníase é de responsabilidade do Ministério da Saúde.
De acordo com informação repassada pelo Ministério aos Estados, esses medicamentos estão em falta em todo o país e não há previsão de quando o fornecimento será normalizado.
Para mais informações, a SES orienta contato com a assessoria do próprio Ministério da Saúde.
Confira na íntegra a nota da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá:
A Secretaria Municipal de Saúde informa que em razão do atraso das importações dos medicamentos para tratamento da hanseníase por parte do Ministério da Saúde – em razão da pandemia do novo Coronavírus – haverá desabastecimento temporário em nível nacional destes medicamentos para o tratamento da doença.
O Ministério da Saúde informou, por meio de nota técnica, aos estados e municípios que o processo de importação foi solicitado em caráter de urgência. Inclusive já encaminhou para a ANVISA a solicitação para emitirem a documentação com excepcionalidade de importação de uma remessa dos remédios.
Assim que os trâmites legais da importação forem definidos pelo Ministério da Saúde, a data de entrega dos remédios será informada para estados e municípios.
A Secretaria Municipal de Saúde solicita a compreensão de todos os pacientes em relação a este atraso, e reitera que o período em que ficarem sem os medicamentos não implicará em perda do tratamento.
Tão logo o abastecimento seja regularizado, as unidades de Atenção Básica entrarão em contato com os pacientes em tratamento.