Com metade de seu mandato concluído, o governador Mauro Mendes (DEM) afirmou que só tem a comemorar.
As dificuldades com o caixa do Estado foram sanadas e, apesar da crise econômica e sanitária provocadas pela pandemia do novo coronavírus, os cofres do Estado fecharam no azul.
Mendes apontou grandes desafios que foram enfrentados na Gestão, mas superados a “punho de ferro”.
“Mesmo com a pandemia e com os problemas que nós tivemos, nós conseguimos chegar no final deste ano em uma condição muito, mas muito, melhor do que estávamos no início do nosso mandato”, avaliou em entrevista ao site MidiaNews.
“A avaliação é extremamente positiva daquilo que tínhamos como objetivo e daquilo que nós conseguimos entregar como resultado no final desses dois anos”, completou.
Entre os feitos, está a decisão de terminar com o imbróglio de mais de seis anos da construção do Veiculo Leve sobre Trilho (VLT) Cuiabá – Várzea. A obra bilionária que deveria ter sido concluída para a Copa do Mundo em 2014 foi abortada, e agora, Mendes decidiu que implantará o BRT (ônibus de trânsito rápido).
“Eu tenho demonstrado que coragem é um dos atributos que eu tenho procurado praticar no dia a dia. Coragem de fazer o que é certo. […] Errado foi trocar de BRT (ônibus de transito rápido) para o BRT, falsificando parecer como foi feito lá atrás para justificar a mudança. Errado é combinar governantes com empreiteiros o pagamento de propina. Isso é errado, e nós estamos consertando todos esses erros”, defendeu.
Com a recuperação fiscal, o governador ainda garantiu que tem dinheiro em caixa para imunizar a população mato-grossense – isso, caso o Governo Federal tenha problemas para a aquisição do imunizante.
Na entrevista ele ainda falou sobre o processo de industrialização no Estado, taxação do agronegócio, relação com a Assembleia Legislativa e uma possível reeleição em 2022.
Confira na íntegra:
MidiaNews – O senhor está chegando à metade de seu mandato. Qual a avaliação faz deste período?
Mauro Mendes – Esses dois anos foram marcados por muitos desafios. O primeiro ano foi dedicado a consertar Mato Grosso e tomar as medidas necessárias para tirar o Estado de uma trajetória extremamente ruim que ele vinha apresentando nos últimos anos.
Nós conseguimos, já em 2019, obter um grande resultado nesta linha. Conseguimos tomar medidas que recuperaram a receita no Estado e cortaram muitas despesas. Terminamos o primeiro ano de 2019 já com superávit depois de 10 anos apresentando prejuízo orçamentário.
O ano de 2020 foi um pouco diferente por conta pandemia. Mas mesmo com a pandemia e com os problemas que nós tivemos, nós conseguimos chegar no final deste ano em uma condição muito, mas muito, melhor do que estávamos no início do nosso mandato.
A avaliação é extremamente positiva daquilo que tínhamos como objetivo e daquilo que nós conseguimos entregar como resultado no final desses dois anos.
MidiaNews – Então, os primeiros anos de mandato foi melhor do que o senhor esperava?
Mauro Mendes – Foi melhor do que eu imaginava. Sempre esperei e acreditei em Mato Grosso. Sempre acreditei na força da nossa economia. Para mim, como cidadão que estava lá fora, como ex-prefeito que conheci um pouco da administração pública, estava muito claro que bastava acertar as medidas que o Governo encontraria o seu rumo, como de fato encontrou.
MidiaNews – Nos próximos dois anos o que o mato-grossense pode esperar do governador Mauro Mendes?
Mauro Mendes – Nós apresentamos no final deste ano o programa Mais MT, que é o maior investimento da história desse Estado em diversas áreas, praticamente todas da administração pública. São investimentos que já começaram e que já estão sendo realizados em todas as regiões. Investimentos na Infraestrutura, Saúde, Educação, na Segurança, em todas as áreas. São 12 pilares que compõem esse programa.
Nós vamos ter um bom desempenho do Governo, e poderemos ser protagonistas em um processo de crescimento na infraestrutura, geração de emprego e trazer grandes resultados para nossa população e para todos os servidores. Eu vejo nos próximos dois anos Mato Grosso tendo um excelente desempenho.
– Apesar de sermos grandes produtores, ainda não somos uma potência econômica, nem política. O que falta para Mato Grosso ser uma potência, como Estados do Sul e Sudeste?
Mauro Mendes – Apesar do nosso excelente desempenho na produção primária, somos um Estado que tem pouca população, temos 3,5 milhões de habitantes, e estamos em um processo de crescimento. O crescimento econômico e populacional acontece só com o tempo.
Mato Grosso tem uma história recente e um crescimento datado de pouco mais de três décadas… Nós temos ainda uma jornada longa pela frente para nos tornarmos uma grande potência como alguns estados brasileiros.
No entanto, hoje, somos seguramente o Estado com a melhor perspectiva e o melhor potencial de continuar crescendo.
– O senhor já teve acesso a alguma previsão de quanto será o PIB (Produto Interno Bruto) de Mato Grosso em 2020.
Mauro Mendes – Estamos recebendo os primeiros dados e não gosto de especular sobre números, mas eu posso assegurar que nosso crescimento será positivo. Mato Grosso não teve e dificilmente terá PIB negativo nos próximos anos.
– E isso é surpreendente, se observamos os outros estados, já que há uma previsão de queda de 4,5% no PIB brasileiro este ano.
Mauro Mendes – Mato Grosso é surpreendente. Ele é feito de gente trabalhadora, de muitos brasileiros que pra cá vieram, que aqui já estavam. Temos aqui uma economia muito forte no agro, muito competitiva. Temos indústrias que estão virando players nacionais, nós temos um povo muito trabalhar. E o desempenho é graças a todo esse conjunto de fatores. E agora o Governo recuperou sua capacidade de ser um ator importante nesse processo de crescimento.
– O senhor acredita que nos próximos anos conseguiremos avançar na industrialização?
Mauro Mendes – Acredito que sim. E esse processo de industrialização tem acontecido ao longo dos anos. Não na velocidade que nós gostaríamos, porque existe um fator mais forte do que os nosso desejo e potencialidade, que é a vontade do mercado.
Alguns dos nossos compradores internacionais não querem comprar produtos industrializados. Eles preferem comprar produtos primários para industrializar em seus países. E isso é uma vontade maior do mercado e do cliente. E nós não detemos capacidade de alterar isso.
O que o Governo está fazendo é criar um ambiente de negócio competitivo e seguro. Nós restituímos nossos programas de incentivos fiscais para as indústrias. Um programa que já atraiu esse ano mais de 100 novas empresas para o Prodeic.
Esse ambiente de negócio seguro, estável, melhorando a logística e a infraestrutura, a qualificação de mãos de obra, será determinante para uma aceleração do processo de industrialização de Mato Grosso, que já acontece há muitos anos.
– Enquanto essa industrialização não se consolida, o senhor acredita que o agronegócio pode dar uma contribuição maior em relação a impostos? Há espaço?
Mauro Mendes – Neste momento não trabalho com nenhuma possibilidade de majorar impostos das cadeias que já são tributadas. Nós estaremos em 2021 trabalhando fortemente em duas direções: no combate à sonegação, na eficiência pública e na redução do custo da máquina.
– O senhor sabe nos dizer qual o montante estimado de sonegação atualmente no Estado?
Mauro Mendes – Qualquer número que eu pudesse falar seria uma especulação. Mas pela minha experiência e já conhecendo um pouco a máquina pública, sinto que há muitas oportunidades de nós melhorarmos essa eficiência na arrecadação combatendo a sonegação, e não majorando impostos sobre aqueles que já pagam os tributos no nosso Estado.
– Estamos na iminência de uma segunda onda da Covid-19 em Mato Grosso. Isso, de alguma forma, preocupa o senhor do ponto de vista econômico e sanitário?
Mauro Mendes – A Covid-19 foi um grande desafio em 2020 para Mato grosso, Brasil e no Mundo. A nossa geração não conheceu nenhuma coisa parecida em termos de saúde pública ao longo das últimas décadas. A última grande crise sanitária mundial foi a gripe espanhola, há um século. Isso trouxe reflexos, consequências. Tivemos lamentáveis e tristes perdas de vidas de mais de 4 mil mato-grossenses.
Porém superamos bem a pandemia. Neste momento ainda estamos com 45% de taxa de ocupação nas nossas UTIs (a entrevista foi concedida na quarta-feira). A economia do Estado teve um bom desempenho, a economia privada andou bem. Mato Grosso está na ponta como um dos estados que mais geraram emprego.
A nossa perspectiva para 2021, que são de grandes investimentos que o Governo está fazendo, são muito boas. Nenhum Estado brasileiro terá o nível de investimento que Mato Grosso terá no ano de 2021. Isso nos dá a certeza que, apesar do ano de pandemia, graças a Deus, e ao nosso Estado, nós estamos muito otimistas para 2021.
– O agronegócio tem se preocupado com a escassez de chuvas e já se fala em queda na produtividade na safra. Isso o preocupa?
Mauro Mendes – Nós estamos fazendo o mapeamento da situação em todo Estado. E temos realidades muito diferentes. Tem lugares que praticamente não houve transtorno, houve sim um atraso no início do plantio, porque atrasou o início das chuvas.
Tem regiões em que a performance está boa, outras que afetou um pouquinho. Há algumas regiões em que o impacto do atraso ou da pouca chuva foi um pouco mais severo. Ainda sim é cedo para termos uma perspectiva mais real de um impacto de uma eventual quebra da produção e da produtividade.
– Há poucos dias o senhor tomou uma decisão difícil, de enterrar de vez o VLT. Temeu sofrer desgastes?
Mauro Mendes – Eu tenho demonstrado desde o primeiro dia de meu mandato que coragem é um dos atributos que eu tenho procurado praticar no dia a dia. Coragem de fazer o que é certo. Muitas vezes políticos não fazem o que é óbvio e o que certo.
Errado foi trocar de BRT para o VLT, falsificando parecer, como foi feito lá atrás para justificar a mudança. Errado é combinar governantes com empreiteiros o pagamento de propina. Isso é errado, e nós estamos consertando todos esses erros.
O VLT é um sonho que virou pesadelo. Nós estamos tornando realidade um modelo de transporte que é muito moderno, eficiente, mais barato e que vai trazer excelentes resultados. O VLT usa a mesma tecnologia daqueles bondinhos de 100 anos atrás. Aquele monte de fio esparramado na rua.
O BRT traz a mais moderna tecnologia existente no Mundo que são baterias de lítio, duráveis, sustentáveis e que não geram aquela poluição visual daqueles bondinhos com a mesma tecnologia do VLT.
Foi uma excelente decisão para o interesse da população. Não sei por que algumas pessoas não enxergam o óbvio. E estou muito tranquilo, pois essa decisão é a melhor para Cuiabá, Várzea Grande e para grande maioria de todos os mato-grossenses.
– O prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) se mostrou contrariado com a decisão, em especial por não ter sido consultado. Teme que ele possa colocar empecilho no processo de implantação do novo modal?
Mauro Mendes – Não tenho a menor preocupação com relação a isso. Provavelmente o prefeito não teve tempo, quando fez o pronunciamento, de conhecer os detalhes técnicos da nossa decisão. E quando nós decidimos alguma coisa, ela vem muito bem fundamentada, no campo técnico e até mesmo no campo jurídico.
– O presidente Jair Bolsonaro sancionou a legislação que trata do EFX automático. O senhor já tem plano para usar esse recurso?
Mauro Mendes – Todo dinheiro que entra tem um planejamento e nós vamos seguramente aplicá-lo da melhor maneira possível. Investimentos com coisas que vão dar retorno para melhorar a prestação de serviço, que o Estado tem o dever de dar ao cidadão. Vai ser investido em infraestrutura, saúde, educação. Em todas as áreas que o Governo tenha a responsabilidade de cuidar.
– Nesta quarta-feira, o Fórum Nacional de Governadores cobrou um cronograma de vacinação da Covid-19 ao Ministério da Saúde. O que há de concreto em relação a isso?
Mauro Mendes – Essa semana falei com o principal assessor do ministro Eduardo Pazuello e ele me garantiu que até o final de janeiro nós teremos as vacinas sendo distribuídas aos Estados. E consequentemente faremos essa logística chegar aos municípios e ao cidadão.
Estamos confiantes nisso e estamos construindo alternativas. Mas o plano A é o Governo Federal, por meio do Plano Nacional de Imunização, cumprir o seu papel. Eu estou muito confiante de que ele vai cumprir e vai liderar essa guerra para gente definitivamente vencer esse vírus.
– Para o plano B, que seria a compra da vacina, o senhor tem dinheiro?
Mauro Mendes – Eu tenho reservados recursos, no caixa da Secretaria de Estado de Saúde, para, se necessário, comprar a quantidade que for preciso para imunizar todos os mato-grossenses.
Porém, essa é uma responsabilidade objetiva do Governo Federal. Mas estamos preparados para assumi-la se for necessário. Mas volto a frisar: acredito que o Governo Federal vai liderar esse processo esse processo.
– O senhor recentemente classificou como “presepada” a decisão da Assembleia de aprovar o projeto de lei que aumenta a faixa de isenção da alíquota previdenciária dos aposentados. Como foi a relação do Paiaguás com o Executivo neste ano?
Mauro Mendes – Nossa relação foi boa, não posso reclamar. Praticamente todos os projetos encaminhados pelo Governo foram aprovados. Eu disse da presepada, porque a Assembleia sabe bem que nenhum projeto de lei que cria despesas ou mexe na receita, ou mexe na organização da administração pública, pode nascer no Legislativo. Ele precisa ter origem no Executivo. Senão torna esse processo nulo, morto na sua origem. E isso não vai prosperar.
É lamentável que eles nos façam perder tempo e estejam, ao meu ver, enganando os aposentados do Estado.
– Estamos a dois anos do final do seu mandato. O senhor já começa a sentir um gostinho de quero mais?
Mauro Mendes – O meu gostinho por enquanto é de trabalhar mais. Temos ainda dois anos pela frente. Antes de falar em eleição, eu tenho que cumprir os meus compromissos e cumprir bem o meu mandato.
Só falo de eleição em ano eleitoral. Até lá, temos muito trabalho pela frente, temos que fazer o programa Mais MT entregar os resultados. Estamos terminando o ano muito bem. Mato Grosso fez a lição de casa.
Talvez, não quero ser presunçoso, mas poucos ou nenhum Estado brasileiro vai ter o desempenho tão bom como o Estado de Mato Grosso teve nesses dois anos. E o mais importante é entregar resultados, melhorar a vida das pessoas em todos os cantos dos 141 municípios de Mato Grosso.
– Para finalizar, qual a mensagem o senhor gostaria de deixar para o mato-grossense neste início de um novo ano?
Mauro Mendes – Extremamente otimista. Acredito em Deus, sempre acreditei na força do trabalho e na honestidade. E com Deus na frente, com muito trabalho e com a aplicação correta do dinheiro público, nós mostramos que é possível pegar um estado quebrado, como pegamos, e dois anos depois, somos um dos maiores destaques da nossa federação.
Vamos continuar trabalhando e 2021, se Deus quiser, será marcado pela superação da Covid-19, e grandes investimentos para melhorar a vida de cada mato-grossense.