O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), classificou como "retrocesso" a decisão do Governo do Estado de descartar a conclusão do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e adotar o ônibus de trânsito rápido (BRT). Ele afirmou que analisa as medidas que tomará a respeito da mudança.
À imprensa, nesta terça-feira (22), o emedebista disse que a forma como o governador Mauro Mendes (DEM) conduziu o caso e a tomada de decisão trata-se de uma “falta de respeito” com Cuiabá e Várzea Grande.
Ele acusa o Estado de não ter ouvido a população afetada, as duas prefeituras e muito menos a bancada federal.
“Às vésperas das festas de fim de ano, numa decisão unilateral, sem ouvir Cuiabá e Várzea Grande – que são as duas cidades interessadas – toma-se uma decisão que, para mim, é um retrocesso. O VLT representa um desenvolvimento em todos os aspectos e um respeito ao usuário do transporte coletivo”, afirmou.
“Eu preciso tecnicamente entender o que o Governo fez . Na forma, é reprovável em todos os aspectos, porque Cuiabá não foi ouvida. E eu não aceito nenhuma decisão se ouvir a população cuiabana, sem ouvir a Prefeitura de Cuiabá”, acrescentou.
O emedebista defendeu que, apesar de ser responsável pela execução da obra, o Governo do Estado deveria ter buscado ouvir os dois municípios que foram “rasgados” para a implantação do modal, cuja obra está parada há seis anos.
Emanuel determinou à sua equipe que estude as informações técnicas apresentadas por Mendes, na tarde de ontem, quando o anúncio de desistência do VLT foi feito.
“Fomos convidados para ouvir uma decisão já tomada, um comunicado oficial de uma tomada de decisão, num total desrespeito às duas cidades que serão impactadas, que deveriam ser ouvidas, porque são as que vão sofrer impacto direto do VLT ou da desistência do VLT”, disse.
“Na forma, eu questiono totalmente. O conteúdo, mandei estudar e vou sentar com a minha equipe técnica. Sempre fui a favor do VLT, sempre defendi que é uma decisão que, por todo o imbróglio ao longo dos anos, não tem condições de só o Governo do Estado resolver”, afirmou.
Anuência da União
Emanuel afirmou que, ainda hoje, deve ter um contato extraoficial com o Governo Federal para saber se houve anuência à decisão anunciada por Mendes.
Segundo ele, caso isso não tenha ocorrido, a situação ficará “ainda mais desagradável”.
“Se tem que haver a anuência do Governo Federal por conta do financiamento, como é que você toma uma decisão sem conversar conosco, com a bancada federal, que por várias vezes já se manifestou afirmando estar à disposição?”, questionou.
“Presente de grego”
Emanuel, que não participou da reunião convocada por Mendes ontem e enviou o seu vice-prefeito eleito José Roberto Stopa (PV) para cumprir agenda, ainda ressaltou não ter se arrependido de não comparecer ao evento.
Segundo o emedebista, que alegou não ter horário para disponível para participar do encontro, afirmou que a sua participação serviria apenas para fazer platéia a uma decisão já tomada e representaria um desrespeito à Capital.
“[Ir] para quê? Para receber um comunicado oficial? De uma decisão já tomada? Me chamando em cima da hora para uma reunião. Estavam em procurando no final da manhã, quando eu estava com uma agenda lotada. E para quê? Sem falar o que era a decisão? Ainda bem que eu não fui”, completou.