Essa mulher, por muitos desejada,
liberta para o amor, olhar fatal,
que não pretende, não, ser virginal,
e cheira mais que a rosa machucada;
mulher carnal, irmã da Madrugada,
desnuda, erotizada, tão sensual,
que adora baile funk e carnaval
e gosta de sentir-se e ser tocada;
essa mulher cansou-se dos grilhões,
das sombras tenebrosas dos porões
do secular silêncio, sempre imposto;
deseja, enfim, apenas ser Mulher,
aquela ou esta, ou mesmo outra qualquer
que olhe no espelho e veja o próprio rosto.
Edir Pina de Barros é membro da Academia Brasileira de Sonetistas e da Academia Virtual de Poetas de Língua Portuguesa. Seus poemas estão disponíveis em vários livros, antologias, revistas eletrônicas e nas mídias sociais. É doutora e pós-doutora em Antropologia pela USP, professora aposentada (UFMT). Nasceu no Mato Grosso do Sul e hoje reside em Brasília.