Cidades

Água do Rio Teles Pires em MT está poluída e índios temem que peixes possam acabar em 5 anos

Os povos indígenas que vivem às margens do Rio Teles Pires, na região norte do estado, denunciaram que, após a construção de uma usina hidrelétrica no Rio Teles Pires, a água, antes consumida diretamente no rio pelas populações, foi poluída e os sistemas de abastecimento instalados não são suficientes para garantir o acesso à água potável.

De acordo com o Instituto Centro de Vida (ICV), os relatos foram feitos durante em audiência judicial na quarta-feira (2). A entidade afirma que essa é a primeira vez em que os povos indígenas foram ouvidos desde a chegada das usinas hidrelétricas na região, há dez anos.

A audiência é um desdobramento de uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2014, um ano antes do início das atividades da usina.

Na ação, o MPF pede a responsabilização da Companhia Hidrelétrica Teles Pires e do governo federal para o efetivo abastecimento de água potável aos povos da região.

A Justiça autorizou o ingresso da Associação Indígena Munduruku Dace no processo caso todos os documentos necessários sejam providenciados e apresentados para o magistrado na próxima semana.

Com isso, os indígenas poderão ser representados de forma independente, direito garantido pelo artigo 232 da Constituição Brasileira.

Centenas de famílias dos povos Apiakás, Kaiabi e Munduruku são impactadas diretamente pela usina, alvo da ação, e de mais três usinas hidrelétricas na região.

No caso da UHE Teles Pires, os impactos diretos sobre o rio começaram a ser sentidos a partir de agosto de 2011, quando o Ibama concedeu a Licença de Instalação da obra.

Em 2019, os quatro empreendimentos passaram a impactar simultaneamente os povos indígenas e comunidades tradicionais na área e tornou o Teles Pires o rio mais impactado por grandes hidrelétricas na Amazônia.

O acesso à água de qualidade para beber e tomar banho é apenas um dos efeitos das mudanças na água.

Além da poluição da água, os efeitos da barragem no pulso de inundação do rio, com agravamento das secas e cheias, alteram a reprodução dos peixes e limitam a navegação.

Locais sagrados aos indígenas ficaram sob risco, como as corredeiras de Sete Quedas, que sofreu inundação pela barragem da UHE.

Para a audiência, eram previstos os testemunhos de dois representantes de cada povo. Os dois representantes dos Apiakás, entretanto, não puderam comparecer e foram substituídos, mas os depoimentos não foram colhidos.

As atividades da hidrelétrica impactam a Terra Indígena Apiaká e Isolados, área protegida de cerca de 982 mil hectares e onde há a presença de populações indígenas isoladas. A legislação brasileira prevê a proteção especial aos povos indígenas isolados, proibindo a construção de empreendimentos que coloquem suas áreas e modos de vida sob qualquer tipo de risco.

A área também faz sobreposição com a Reserva Ecológica Apiakás, unidade de conservação de proteção integral.

De acordo com as testemunhas, os sistemas de abastecimento de água instalados em algumas das aldeias após a chegada das UHEs são precários e faltam recursos para manutenção.

Na aldeia São Benedito, por exemplo, o poço artesiano precisa de óleo para funcionar, o que não foi fornecido aos moradores.

A empresa alega a realização de uma perícia na água do rio após o início das atividades da usina em que é atestado o bom nível de qualidade.

Os indígenas, entretanto, afirmam que o teste nunca foi apresentado às comunidades e que a mudança no recurso é clara.

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Cidades

Fifa confirma e Valcke não vem ao Brasil no dia 12

 Na visita, Valcke iria a três estádios da Copa: Arena Pernambuco, na segunda-feira, Estádio Nacional Mané Garrincha, na terça, e
Cidades

Brasileiros usam 15 bi de sacolas plásticas por ano

Dar uma destinação adequada a essas sacolas e incentivar o uso das chamadas ecobags tem sido prioridade em muitos países.