Travessas, ruas, largos, vielas, avenidas, praças, pontes e becos precisam ser batizados. Rua 1, 2, 3, … Rua A, B, C … não dizem coisa alguma. Acabam confundindo ainda mais uma cidade que carece de placas de identificação de logradouros como Cuiabá. Sem contar com a incerteza que fica no ar quando alguém nos pergunta em que rua moramos, a exemplo: – Na Rua 1. Apelo para que Associações de Bairros, detentoras de tantas histórias dos princípios e formações de seus bairros, sejam consultadas com mais recorrência para nomear logradouros, função de suma importância do poder público. Após a pandemia causada pelo Covid-19, sugiro ao novo prefeito que proponha mutirões, via Câmara Municipal, para apoiar associações de bairros para eleger nomes de personagens para nomear ruas. De posse dos nomes sugeridos pelos próprios moradores, a oficialização passar pelos trâmites da Câmara Municipal para se tornar uma lei municipal, percurso burocrático que requer muita paciência.
Minha residência está localizada a poucos metros da Avenida A, no bairro Jardim Aclimação. Digo de passagem que a pomposa avenida não tem placa de indicação em toda sua extensão – da Avenida Vereador Juliano da Costa Marques à Rua Padre Emílio Francisco Reiner, a atravessar boa parte do Bairro Terra Nova. O trecho que atinge a Avenida Vereador Juliano da Costa Marques até o Mercado Ipê, em especial, por não ter muitas construções, é mais bonito por ter uma visão muito ampla do céu, sem precisar levantar a cabeça. É isso mesmo, o céu está logo ali…
A Avenida A tem mão dupla, cada uma com duas pistas e acostamentos. O que a embeleza ainda mais é o canteiro central. Mas, a boniteza do logradouro, bem pertinho do Parque da Família, não a livra da quantidade de lixo encontrada próxima ao meio fio, nas calcadas, nos terrenos baldios, nos canteiros. Acha-se de tudo, desde máscaras e toucas cirúrgicas descartáveis até roupas íntimas. É este um dos trechos que percorro em caminhadas matinais, após cinco meses de isolamento social ocasionado pelo Covid-19.
Resolvi adotar a Avenida A! Não em toda sua extensão, mas do trecho onde não há edificações, uns 400 metros, mais ou menos, de cumprimento. Claro que convidei Edu para esta missão que, sutilmente, bem ao seu jeito, estabeleceu uma espécie de divisão sexual do trabalho: eu na limpeza da avenida; ele na abertura de covas, plantio de mudas de árvores frutíferas e rega no canteiro central e nas covas das calçadas, onde novas mudas vêm substituindo as que não vingaram em consequência da forte estiagem e da alta temperatura registras neste ano.
Neste ano, em razão da pandemia causada pelo Covid-19, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil lançou a campanha “Cuidar da Saudade”. Teve o propósito de substituir a ida aos cemitérios no Dia dos Finados pelo plantio de mudas de árvores em memória dos entes falecidos. Eu e Edu plantamos duas mudas de limão em homenagem aos nossos entes que se foram, em gratidão aos ancestrais, a representar cada uma de nossas famílias.
Assim, nossas caminhadas nas primeiras horas do dia ganharam outro sentido. Limpeza, plantio, rega e adubação produzida na composteira de uso doméstico presenteada por Loyuá. Para nossa surpresa, um dia desses, durante o trabalho de rega, encontramos duas mudas de árvores frutíferas recém plantadas. Quem será a pessoa que também adotou a Avenida A com o ato de arborizá-la?
Sobre a nominação da Avenida A, sugiro à Associação do Bairro Bela Vista, “Tânia Antônia de Abadia”, uma moradora que por muito tempo cuidou com afinco da área que passou a ser o Parque da Família. Plantou árvores frutíferas e várias espécies de plantas medicinais. Era tão bonito de se ver… Seu nome e de “Zeferino Borges dos Santos”, antigos moradores, devem estar gravados nas placas fixadas no chão do Parque da Família, lado a lado com as das famílias cuiabanas.