E foi assim que tudo teve início:
o sórdido presente, o gesto, o agrado,
e o espaço, pela cruz, foi consagrado,
em falsa paz, mantendo-se o suplício.
A faca, o espelho, a oferta do machado,
em nome da amizade, benefício,
o brinde que, ofertado, trouxe o vício,
o território logo conquistado.
Com sangue se lavou toda essa terra
e proclamada foi a “Santa Guerra”,
que logo se espalhou pelos espaços.
Oh! América indígena! Que sorte!
O espelho se quebrou de sul a norte,
restando pelo chão seus estilhaços.
Edir Pina de Barros é membro da Academia Brasileira de Sonetistas e da Academia Virtual de Poetas de Língua Portuguesa. Participa do livro 80 Balas, 80 Poemas (versão virtual, Zunái, 2.020, Org. Claudio Daniel) e das coletâneas Poesia em tempos de barbárie e A noite dentro da Ostra (Lumme Editor, ambas 2.019, Org. Claudio Daniel). Seus poemas estão disponíveis em mais de dez livros e em revistas eletrônicas (Ruído Manifesto, Portal Vermelho, Quatetê, Ser MulherArte e outras). É doutora e pós-doutora em Antropologia pela USP, professora aposentada (UFMT). Seu livro, Os Filhos do Sol (EDUSP, 2.003), foi indicado ao Prêmio Jabuti 2004 pela Universidade de São Paulo. Nasceu no Mato Grosso do Sul e hoje reside em Brasília.