O Projeto Bolsonaro foi profundamente abalado com a derrota de Trump. Perdeu a referência. Perdeu os argumentos. O pensamento do Governo Federal, agora, é diferente do comandante da maior economia do mundo. Historicamente o Brasil é influenciado por acontecimentos externos. A independência dos Estados Unidos em 1776, seguida 13 anos depois pela Revolução Francesa, marcaram alguns movimentos importantes brasileiros, como a Inconfidência Mineira e logo depois a Revolta dos Alfaiates, na Bahia. A abdicação de Carlos X, na França, desencadeou a renúncia de Dom Pedro em 1831. A queda dos fascismos na Europa pós- Segunda Guerra deixou o governo Getúlio Vargas em colapso. A eleição de Jimmy Carter, em 1977, colocou em xeque as ditaduras na América Latina. Logo depois, o Liberalismo de Reagan e Tatcher estimularam a eleição de Fernando Collor.
Essa receita da “nova política” é antiga. O nacionalismo infla o ego em momentos de crise. É um discurso que serve de combustível para um eleitor conservador, que acha que só sua vontade basta, que acha todos morrem de inveja do Brasil, que é tudo uma conspiração, que é tudo culpa do comunismo, que vão ocupar a Amazônia, que não são necessárias alianças e sim rupturas. O medo sempre gerou muito mais votos que a esperança. Retoricamente é muito eficaz. Ou eu, ou o caos. Ou eu, ou o fim da humanidade.
E o medo dá voto. Claro que dá voto. No entanto, o medo, por si só, não traz resultado. Governos extremistas fazem sua população pagar o pato.
A volta da inflação, mais de 1 Trilhão em dívidas só esse ano, quase 200 mil mortos pela pandemia. Menos vidas poderiam ter sido perdidas, simplesmente com um comando ordenado de Bolsonaro. Ter um presidente que preocupa a todos ao invés de preocupar-se com as vidas, é muito complicado. A falta de liderança objetiva teve um custo alto para a população e para o próprio Presidente: Dois terços dos candidatos apoiados por Bolsonaro fracassaram nas eleições. Derrotas acachapantes em São Paulo, Porto Alegre, Salvador, Recife, Curitiba, Belo Horizonte, Santos, Campinas, onde ele tinha candidatos declarados, demonstram que a vida real é bem diferente do que ele posta nas mídias sociais. A onda da direita fascista vai virando marolinha por culpa de sua própria ignorância. A cabeça da serpente foi cortada. Em breve, os outros órgãos vão deixar de funcionar.