Quem viu o debate entre Biden e Trump, viu que está cada vez mais difícil achar gente para votar. Se lá tá assim, imagina por aqui. Minha geração é a última que viu os políticos de verdade, ufanistas, que faziam obras para a evolução, transformavam sua sociedade. O político, político. Mauro Cid dizia que na campanha do lendário Roberto Campos para Senador, à noite, mesmo lá no cafundó do Judas, ele colocava seu roupão, acendia seu cachimbo e lia livros sobre antropologia para entender melhor como ajudar o povo na sua essência. Teve Juscelino construindo Brasília, Ditador Getúlio criando as leis trabalhistas, tinha Brizola e seus CIEP´s. Da era Collor pra cá, esse tipo de político sumiu. O business, vendo que era um excelente negócio, obviamente, entrou pra política. E de forma global. Vota-se em bons empresários para administrarem nossas cidades, nosso país, como se fossem suas empresas. Tá aí o erro. Nossos políticos são empresários. Empresários visam lucro. Lucro e administração publicam não convergem. É uma conta que não bate. A vida não tem preço. Ou pelo menos não era pra ter. A administração pública deveria ser entidade que visa qualidade de vida para o povo. Sem falar no vazio de ideias. É de uma pobreza terrível. Tem um candidato que fala “ Propostas pé no chão e respeito ao dinheiro público”. Como se fosse alguma novidade.
– E mesmo ele sendo um misógino, segundo o Instituto de Pesquisa “Não Vale um Pequi ruído”, está em primeiro lugar!
Senti um pouco de mágoa na colocação da Lilian. rebato de bate pronto.
– Eu acho que vou votar no Roberto Pança.
– Uai, João, você vai votar em partido de direita reacionária?
– Naquele do estado mínimo não dá! A Pandemia provou isso.
– Aquele outro do PT parece que tomou uma.
– O do paletó também não disse a que veio.
– Essa menina não falou nada específico pra nós, mulheres.
O silêncio toma conta do nosso escritório. Lilian se levanta, quebrando gelo.
– Amor, quer um café?
– Sim, com 2 gotinhas.
A vida é assim. O que não tem solução, solucionado está.