O Pantanal passa pelo setembro com mais focos de incêndio desde o início da série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 1998: foram 5.603 focos de calor detectados em apenas 16 dias, contra 5.498 registrados no mês inteiro de setembro em 2007 – o recorde para o mês até este ano.
Três meses antes de terminar, 2020 também alcançou o recorde de maior número de queimadas em um ano para o bioma: foram 15.756 focos registrados desde janeiro até quarta-feira (16). Antes, o número mais alto havia sido registrado em 2005, com 12.536 focos em todo o ano.
O fogo já destruiu 85% do Parque Estadual Encontro das Águas, refúgio das onças pintas-pintadas. Com relação à área perdida para os incêndios, o instituto apresenta os dados mensalmente: a última estimativa, contabilizada até 31 de agosto, apontava uma perda de 12% do bioma neste ano – foram 18,6 km².
Em comparação a 2019, quando setembro teve 2.887 focos detectados em 30 dias, o mesmo mês de 2020 já apresenta uma alta de 94%. O número de focos neste mês está 188% acima da média histórica do Inpe para setembro, que é de 1.944 pontos de incêndio.
Para o diretor-executivo da SOS Pantanal, Felipe Augusto Dias, a única perspectiva de melhora na situação é a chuva – e em grande volume.
"Não tem outra perspectiva. O fogo fica queimando por baixo, vai queimando e depois surge de novo na superfície, porque às vezes a água não infiltra o suficiente. Para apagar, o ideal é que chova e que chova muito", explica Dias.
Além das queimadas, a região também enfrenta uma seca histórica – o maior período de estiagem em 47 anos, segundo o diretor. A falta de água contribui para o alastramento das chamas.
Em julho, o Pantanal também bateu o recorde para o mês de focos de incêndio desde o início das medições do Inpe; agosto teve o segundo maior número de queimadas para o mês na série histórica