a adolescente de 14 anos que atirou e matou a amiga Isabele Guimarães Ramos, da mesma idade, se apresentou à polícia, acompanhada pelos pais, e foi encaminhada ao complexo do Pomeri, no bairro Novo Mato Grosso, em Cuiabá. A juíza Cristiane Padim da Silva, da 2ª Vara da Infância e da Juventude, acatou a denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual (MPE) e determinou a internação da menor por 45 dias – prazo máximo em caso de menores.
A menina B. de O. C., de 15 anos de idade, se tornou ré por infração análoga a homicídio doloso. A decisão foi dada nesta terça (15).
Por se tratar de menor de idade, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece que o processo deve tramitar em segredo de Justiça, por isso não se sabe o teor da decisão.
Isabele foi morta com um tiro no rosto em 12 de julho dentro do banheiro de uma das suítes da residência da família Cestari, no condomínio de luxo Alphaville I, em Cuiabá. A arma usada, uma pistola Imbel, calibre 380, pertencia ao pai do namorado da atiradora.
Pai indiciado
O pai da atiradora, o empresário Marcelo Cestari, foi indiciado por homicídio culposo, pois “agiu com imprudência e negligência ao permitir que a filha pegasse essa arma". Além disso, foi negligente ao entregar uma arma para adolescente e isso gerou resultado (morte). Também responderá por crime de fraude processual.
Já Glauco Fernando Mesquita Corrêa da Costa, proprietário das armas e pai do namorado da menina que atirou em Isabele, teve indiciamento por omissão de cautela na guarda de arma de fogo.
Os indiciamentos são resultado das investigações, depoimentos testemunhas e laudos realizados pela Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec). Os autos já estão com o Ministério Público de Mato Grosso (MPE), que deve acionar a adolescente na Vara da Infância e Juventude e os adultos na Vara Criminal correspondente.
O caso
Conforme laudos da Politec, quando foi morta Isabele estava no banheiro da residência de propriedade do empresário Marcelo Cestari, pai da autora do crime e a atiradora também.
Em depoimento à polícia, a garota alegou que o disparo contra a amiga foi acidental e ocorreu quando tentou guardar o case da arma, deixado na residência pelo seu namorado.
Porém, laudos da Politec colocaram em xeque a versão da adolescente, apontando que o disparo contra Isabele não teria ocorrido de maneira acidental.
Conforme os peritos, o autor do crime estava de frente para a vítima, atirou frontalmente e a curta distância (20 a 30 cm da vítima). O tiro atingiu o nariz da menor e transfixou para a sua cabeça, ainda segundo o laudo.
De acordo com a descrição dos laudos, o impacto do disparo fez com que o corpo de Isabele caísse de joelhos para frente e depois para trás no banheiro, com sua cabeça no box.
Equipe técnica também testou a arma do crime e constatou que só poderia ter disparado com o acionamento do gatilho.