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Médica, influencer e outras mulheres denunciam advogado por estupro e violência

Um grupo de mulheres fez denúncias, por meio das redes sociais, contra o advogado Cleverson Campos Contó, de 33 anos, nesta semana, afirmando que foram vítimas de violência durante o tempo em que se relacionaram com ele, em Cuiabá.

A Polícia Civil confirmou que há oito boletins de ocorrência de ameaça, injúria, invasão de domicílio, assédio e perturbação registrados por diferentes vítimas contra o advogado entre os anos de 2015 e 2018.

“Por se tratar de registros antigos é possível que os procedimentos já tenham sido concluídos por parte da Polícia Civil. Mais detalhes sobre os casos não serão passados para preservação, por se tratar de situações de natureza privada e para preservação das partes envolvidas”, diz em nota.

Também tramita na Justiça diversos processos contra Cleverson, no entanto, são sigilosos, e os detalhes não foram divulgados.

Em nota, o advogado de defesa de Cleverson, Eduardo Mahon, afirma que as mulheres querem extorquir o cliente dele e que as acusações não procedem.

“Tudo indica que o referido advogado é vítima de uma articulação para extorquir recursos financeiros e driblar decisões judiciais que proíbem ex-relacionamentos de fazerem qualquer menção ao nome dele”, diz.

A defesa informou que o advogado suspeito das agressões concederá uma entrevista coletiva para esclarecer o caso nessa quarta-feira (9).

“Comunico a todos que enviará formalmente as provas que tem às autoridades responsáveis, representando as supostas vítimas por extorsão e denunciação caluniosa”, diz a defesa.

Vítimas

O Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso (CEDM/MT) repudiou, em nota, as agressões sofridas por mulheres que tiveram relacionamento com o advogado.

A instituição informou que, até essa segunda-feira (7), recebeu oito denúncias de mulheres vítimas de violência doméstica durante o relacionamento com Cleverson.

“Considerando o que dizem as vítimas, o CEDM-MT, entende que há subsídios suficientes para que seja realizada uma rigorosa apuração de tudo que foi trazido à tona por meio da imprensa. Do contrário, corre-se o risco de termos novas vítimas acrescidas aos índices altíssimos de violência contra a mulher em nosso estado”, diz.

A médica Laryssa Moraes disse estar entre as vítimas. Ela possui medida protetiva para que o advogado não se aproxime dela. A doutora foi casada com Cleverson há cerca de três anos, mas só agora ela conseguiu falar abertamente sobre o assunto.

No perfil das redes sociais, ela contou que, além das agressões verbais, o advogado teria tentado estuprá-la.

“Me espancou brutalmente, quebrou meu nariz, deslocou minhas retinas e tentou me estuprar com um pendrive. Sobrevivo há 3 anos e meio com essa dor, mas é uma dor que não sai da gente”, relatou.

Ela afirmou que, à época, não procurou o Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo de delito, pois conhecia os médicos do local, que eram colegas de profissão, e teve vergonha de se expor.

“Quando você se relaciona com um sociopata você se sente culpada, mas não vou me calar. Não quero que nenhuma mulher seja arrastada por um carro com a porta aberta ou corra o risco de ser estuprada. Nenhum ser humano merece isso”, ressaltou.

Laryssa disse que, após expor o caso, outras mulheres a procuraram afirmando que também foram vítimas do advogado.

“Ele é um cidadão acima de qualquer suspeita, com condições financeiras, que ameaça as pessoas, acima da lei, como se nunca fosse pego, e que me falava que se eu falasse alguma coisa ia destruir minha carreira e minha vida”, contou.

Em uma das ocorrências de violência, a médica teria sido agredida após ter se recusado a fazer uma salada para o marido.

“Levei soco na cara, puxões de cabelo, empurrões de escada, batida de cabeça em quinas, eu apanhei porque não queria fazer uma salada. Atendi no consultório com os olhos roxos e disse que havia sofrido um acidente de carro. Hoje eu sei que ninguém acreditava”, disse.

Situações parecidas também ocorreram com a influencer digital Mariana Vidotto, conforme relatos feitos por ela nas redes sociais.

No início do ano, ela chegou a citar que já havia sofrido violência doméstica, mas não deu detalhes das agressões e nem revelou o nome do agressor.

“Trata-se de um sociopata muito bem articulado, que tem poder de compra muito grande. Mesmo sem citar nomes, sofri um processo com uma multa diária de R$ 20 mil caso eu me referisse a ele”, contou.

Mariana disse que ficou 9 kg abaixo do peso durante o tempo de relacionamento com o advogado.

Eles se conheceram por meio de amigos em comum. Namoraram por um tempo e depois passaram a morar juntos.

No início, segundo ela, Cleverson a tratava bem. Conversava sobre família, trabalho e religião. No entanto, quando passaram a morar juntos, começaram as agressões e ameaças.

“Não quero vingança, quero justiça, pois só quem passa por esse tipo de violência sabe o que é saber lidar com essas marcas pelo resto da vida”, ressaltou.

Na tarde desta terça-feira (8), as vítimas e outras mulheres comovidas com os casos devem se reunir em frente ao Centro Integrando de Segurança e Cidadania (CISC), do Bairro Planalto, em Cuiabá, para cobrar justiça.

OAB

Após as denúncias contra Cleverson, a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso (OAB-MT), instaurou um processo administrativo no âmbito do Tribunal de Ética e Disciplina (TED) para apurar os casos de violência doméstica.

A Seccional Mato Grosso, por intermédio da Comissão do Direito da Mulher, já contatou uma das vítimas, colocando-se à disposição para o acompanhamento do caso, inclusive com reunião já agendada.

 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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