Uma área verde localizada no CPA, em Cuiabá, local onde deveria ser construída a estação final do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), está sendo ocupada por dezenas de famílias que constroem barracas para morar.
Procurada, a assessoria do governo estadual afirmou apenas que “o assunto já é de conhecimento do governo e as medidas cabíveis são analisadas pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE)”.
Conforme o líder do Movimento Pró-VLT, Vicente Vuolo, trata-se de uma área desapropriada pelo governo para a construção do terminal.
A área fica localizada entre a Avenida Historiador Rubens de Mendonça, a Avenida do CPA, e a Avenida Osasco, no Bairro Morada da Serra.
Terminal do VLT é invadido por dezenas de famílias em Cuiabá — Foto: Divulgação
“Além de todos os problemas que envolvem o VLT, o governo agora terá que tratar da reintegração de posse do local”, disse Vuolo.
Segundo ele, o governo do estado paga R$ 4 milhões por mês de juros por um empréstimo de R$ 1 bilhão para a realização da obra.
A obra do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá e Várzea Grande, região metropolitana da capital, já custou mais de R$ 1 bilhão aos cofres públicos e continua onerando. Todo mês, o governo paga R$ 12,2 milhões referente à parcela do empréstimo feito para a construção do metrô d e superfície, que já deveria ter começado a rodar na Copa do Mundo de 2014.
A parte construída em Várzea Grande é a que está mais avançada. Seis quilômetros, entre o Aeroporto Marechal Rondon e Cuiabá, já tem trilhos, postes, e até as estruturas das estações quase prontas. No entanto, falta finalizar o pavimento, criar muretas para evitar que os carros avancem para dentro da pista e ligar o sistema de energia dos trens.
Vicente Vuolo defende a conclusão das obras para que os trens comecem a rodar e o prejuízo não continue crescendo. Para ele, o VLT precisa começar a operar, mesmo que seja em etapas.
“Com pouco investimento, pode terminar o trecho do aeroporto até o Porto e, em seguida, complementar até o centro de Cuiabá, CPA e Coxipó”, avaliou.
Em delação premiada, o ex-governador Silval Barbosa disse que as obras foram superfaturadas e admitiu ter recebido propina.
O VLT
Obra do VLT está parada desde dezembro de 2014 — Foto: Mayke Toscano/Gcom-MT
O VLT começou a ser construído em 2012 pelo consórcio VLT Cuiabá Várzea Grande, com um custo inicial de R$ 1,4 bilhão. O prazo de entrega era 13 de março de 2014, para facilitar a mobilidade dos turistas durante a Copa do Mundo de 2014, já que Cuiabá foi uma das sedes do mundial, e até a presente data não foi terminado.
Em 2009, quando Cuiabá foi escolhida para ser uma das sedes da Copa, a decisão do governo era para que o modal de transporte a ser utilizado era o BRT (Bus Rapid Transit), com o custo de R$ 400 milhões a época.
Foi em 2012 que o governo federal autorizou a troca do modal, que Mato Grosso optou pelo VLT, com recursos da Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A obra do VLT foi projetada para ter uma extensão de 22 quilômetros, com dois itinerários. Segundo o projeto, o primeiro trecho ligaria o Aeroporto Marechal Rondon até a Avenida Rubens de Mendonça. O segundo trecho sairia da Avenida Tenente Coronel Duarte até a região do Coxipó.