Ou melhor, as vacinas estão chegando, porque são mais de cem candidatas em todo o mundo que buscam proteger os humanos da covid-19.
Mas destas cento e tantas, no momento seis se destacam na ponta da corrida para serem aprovadas ainda este ano pelos órgãos de saúde. Na pole aparece a do Reino Unido, cuja terceira e última fase de testes está em andamento também aqui no Brasil. Esta vacina criada pela Universidade de Oxford juntamente com o laboratório AstraZeneca estabeleceu uma parceria com a Fiocruz, experiente fabricante de vacinas com alto conceito aqui no País.
A segunda candidata é uma descoberta chinesa, que também, para aumentar a nossa esperança de começar rapidamente a imunização, está sendo testada aqui no Brasil sob a coordenação do Instituto Butantan, órgão de grande prestígio nacional.
Têm ainda duas muito promissoras desenvolvidas nos Estados Unidos, uma pelo laboratório Moderna e outra pela Novavax.
Entre as seis cite-se ainda a do laboratório alemão BioNtech juntamente com a multinacional americana Pfizer, que também está na última fase de testes.
Entre todas uma promete surpreender: a Rússia anuncia a possibilidade de sair na frente das concorrentes aprovando em agosto seu imunizante.
É possível que nenhuma alcance o sucesso esperado e, portanto não consiga a aprovação. Mas possível é uma coisa, provável, outra. Como muitas já passaram pelas fases anteriores com resultados promissores a probabilidade de fracasso de todas ao mesmo tempo é desprezível.
Superada esta fase de aprovação das vacinas temos a próxima que é conseguir doses suficientes para aplicar pelo menos na população de risco: pessoal de frente da saúde, velhos e portadores de comorbidades.
Há uma corrida frenética dos países ricos para conseguir reservar o imunizante suficiente para seus habitantes, mas para esse segundo momento estamos bem preparados porque as duas principais vacinas (Oxford e Sinovac) serão fabricadas também no Brasil. O País foi escolhido para realizar os testes preliminares porque está em uma fase de franco contágio da epidemia.
Mas há outros esperados contratempos. Um deles é o custo das doses. Alguns laboratórios já divulgaram que não buscam lucros e que estão dispostos a vender o produto pelo preço de custo. Outros anteciparam que esperam lucro na operação, o que é totalmente aceitável visto o vultoso custo dessas pesquisas e os riscos que correm os pioneiros quando gastam milhões de dólares e o medicamento não consegue aprovação.
Tem ainda outro problema. Da mesma forma que prosperam ideias absurdas defendendo o terraplanismo e rejeitando o heliocentrismo, aumenta o número de pessoas que negam a epidemia e outras ainda mais numerosas que se recusariam a ser vacinadas contra ela. Por certo haverá falsas acusações contra as vacinas quando elas forem aplicadas.
Não subestimemos a ignorância do povo estimulada pelas redes sociais: há alguns dias, no desenvolvido Reino Unido, foram incendiadas várias torres de internet 5G, acusadas de serem transmissoras da covid-19. Também prosperam ideias malucas negando a existência do vírus ou afirmando que as vacinas, principalmente a chinesa, vão produzir seres geneticamente modificados.
Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor